1. Que regras devem as famílias seguir para tentar garantir um Natal seguro?
Para um Natal seguro, no que respeita à Covid-19, é necessário planear esse período festivo. Devem adotar-se medidas de segurança nas duas semanas anteriores e também nos encontros de famílias durante as festas do Natal. Para além das regras já divulgadas e conhecidas, deve evitar-se o agrupamento com famílias diferentes. Se forem cumpridas as regras iremos garantir que todos possam participar e que as consequências desses encontros de Natal não comprometerão a saúde nas semanas seguintes.
2. Que cuidados podem ou devem ser adotados nos dias anteriores?
As recomendações são as já divulgadas para prevenir a disseminação da doença, nomeadamente o uso de máscara em todas as ocasiões, o distanciamento sempre superior a dois metros, a higienização das mãos e o arejamento de espaços. Recomendo ainda que nas duas semanas anteriores se reduzam os contactos sociais, de forma a diminuir o risco de contacto com doentes Covid.
3. O uso de máscara é “obrigatório” durante a noite de Natal mesmo se o grupo for pequeno e for possível manter algum distanciamento?
A máscara é um equipamento de proteção individual muito importante, mas é complementar ao distanciamento. Recomendo o uso de máscara, na medida do possível, que poderá ser apenas aliviado à refeição e em espaços arejados, quando o afastamento for superior a dois metros e por um período curto. Sendo o grupo pequeno, o risco de haver alguém doente é mais reduzido, mas não é possível excluir a presença de doença.
4. Avós e netos devem ou não juntar-se no Natal?
O Natal é a época tradicional da reunião das famílias e, por isso, não consigo apoiar uma proibição desses encontros, já que é possível que aconteçam com segurança.
5. Que cuidados específicos devem ser salvaguardados nos contactos intergeracionais?
Deve salvaguardar-se o afastamento de segurança durante a celebração familiar, uso de máscara fora das refeições, e dar o lugar de destaque na “cabeça” da mesa aos mais velhos, porque são os mais vulneráveis, já que é a que permite mais afastamento. Deve ainda fazer-se arejamento dos espaços.
6. Não foi imposto em Portugal qualquer limite de pessoas para as reuniões familiares. Que número máximo aconselharia e porquê?
A imposição de um número determinado de pessoas poderá não ser a melhor opção de segurança. É de consenso que deve ser diminuído ao mínimo e condicionado à dimensão do espaço, garantindo sempre a distância de segurança superior a dois metros.
7. Qualquer sintoma suspeito deve ser valorizado e a pessoa optar por ficar em casa?
Sem dúvida. A febre poderá não ser o primeiro sintoma de doença. Por isso, deverá ser dada atenção a qualquer sintoma, nomeadamente fadiga, dor muscular, dor de cabeça, falta de sabor e cheiro, tosse…
8. O que é uma “bolha” de contactos e qual a sua importância no atual contexto?
A bolha de contactos é a restrição de contactos a um pequeno número de pessoas ou famílias, de forma a conhecer bem os seus movimentos, garantido que não há introdução da doença no grupo por estranhos. Pode ter importância de forma a preservar a saúde dos que integram a “bolha”.
9. Os tradicionais jantares ou almoços de Natal das empresas são mesmo para esquecer este ano, mesmo com um número muito reduzido de pessoas?
Sem dúvida que terão de ser adiados. A acontecerem irão juntar no mesmo local pessoas oriundas de múltiplos locais e com múltiplos contactos, aumentando o risco de doença.
Recomendo o uso de máscara, na medida do possível, que poderá ser apenas aliviado à refeição e em espaços arejados, quando o afastamento for superior a dois metros e por um período curto”
Rui Passadouro, delegado de Saúde Pública no ACES Pinhal Litoral
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(Artigo publicado na edição de 17 de dezembro de 2020 do REGIÃO DE LEIRIA)