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Cultura

SAMP leva museus a 13 aldeias da Rede Cultura 2027 (e vice-versa)

Em Mosteiro, Pedrógão Grande, começou hoje “Museu na aldeia”, que vai ao encontro das populações mais isoladas com objetos de 13 museus do território da candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura.

A SAMP levou música às ruas de Mosteiro, assinalando o arranque de “Museu na aldeia” Foto: Joaquim Dâmaso

Comunidades de 13 aldeias e objetos de 13 museus de concelhos que integram a candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura têm encontro marcado em “Museu na aldeia”, projeto apresentado hoje, 3 de dezembro, no concelho de Pedrógão Grande.

Entre a igreja e o coreto da aldeia de Mosteiro, famosa pela praia fluvial, a Sociedade Artística e Musical dos Pousos (SAMP) apresentou uma iniciativa que pretende, acima de tudo, “chegar a pessoas que vivam em comunidades mais isoladas e que se encontrem em solidão”, explicou a coordenadora.

O pretexto são peças dos 13 museus selecionados, que vão ao encontro do público alvo, idosos autónomos com mais de 65 anos, acrescentou Raquel Gomes.

“Muitas destas pessoas nunca foram a um museu. Para elas o museu é algo que está longe. Queremos, através das artes, criar proximidade”, ajudando também a que “não se sintam tão sozinhas”.

“Museu na aldeia” desenvolve-se do encontro entre uma equipa que inclui artistas, museólogo, sociólogo e psicólogo e a população. A partir de objetos que os participantes têm em casa, desenvolve-se e esclarece-se a ideia de museu e do valor museológico. Numa fase posterior, um objeto de cada museu será apresentado à comunidade, que o reinterpretará num novo formato artístico a mostrar no museu que cedeu a peça original.

Para Margarida Moleiro, diretora do Museu Carlos Reis, de Torres Novas, o projeto da SAMP “deixa todos os museus destes municípios envolvidos muito entusiasmados”, porque contraria a “vertente elitista” com que são encarados. 

“A minha avó nem se atrevia a ir ao museu. Ir ao museu não era para muitos de nós. É isso que não queremos, que sejam para meia dúzia de ilustrados”, disse a responsável, em representação dos museus da Rede Cultura 2027.

Pelo caráter interativo, “Museu na aldeia” dá oportunidade aos museus de “servirem as pessoas nas suas comunidades”, contribuindo para “devolver a autoestima” a quem vive em territórios rurais de baixa densidade. Um exercício ainda mais importante em tempo de pandemia:

“Como se levam museus para as aldeias, muitas delas envelhecidas, este projeto tornou-se ainda mais relevante, por este contacto, esta relação com as pessoas”, frisou Margarida Moleiro.

O projeto decorre até ao fim de 2022 e compreende a criação de um museu virtual, com informação que permita a replicação e disseminação do processo noutros pontos do país. Em paralelo, decorrerá uma avaliação do impacto pelo Politécnico de Leiria.

Financiado pela Iniciativa Portugal Inovação Social e Câmara Municipal de Leiria, “Museu na aldeia” será “um estudo de caso a nível nacional”, considera a vice-presidente da autarquia. “Acreditamos que pelo país fora mais museus vão sair até às aldeias e, especialmente, vão falar com as pessoas. É isso que nós queremos”, disse Anabela Graça.

Para o coordenador da Rede Cultura 2027, o projeto que hoje arrancou em Mosteiro “é o exemplo que quando se encontram instituições e pessoas e olhares que se complementam nascem projetos extraordinários”.

E naqueles 13 lugares quase esquecidos por onde vai passar “Museu na aldeia”, há mais do que se pensa à espera de quem por lá passa:

“Muitas vezes nós não vamos a lugares para encontrar coisas. Não vamos a lugares para ver coisas. Às vezes precisamos de ir a lugares para nos encontrarmos a nós próprios. Este projeto concilia as duas coisas”, concluiu Paulo Lameiro.

13 aldeias

Mosteiro (Pedrógão Grande), Sapateira (Sobral de Monte Agraço), Freixianda (Ourém), Cabeças (Alvaiázere), Columbeira (Bombarral), Vargos (Torres Novas), São Bento (Porto de Mós), Arranhó (Arruda dos Vinhos), Alcanadas (Batalha), Famalicão (Nazaré), Ateanha (Ansião), Folgarosa (Torres Vedras) e Cercal (Cadaval).

13 museus

Museu do Vidro (Marinha Grande), Casa do Tempo (Castanheira de Pera), Museu de Leiria, Museu da Arte Popular Portuguesa (Pombal), Museu e Centro de Artes (Figueiró dos Vinhos), Museu Municipal de Alenquer, Museu da Lourinhã, Rede Museológica do Concelho de Peniche, Museu Abílio de Mattos e Silva (Óbidos), Centro de Artes das Caldas da Rainha, Museu Raul da Bernarda (Alcobaça), Museu de Aguerela Roque Gameiro (Alcanena) e Centro de Estudos em Fotografia de Tomar.

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