Leiria está agora mais perto de todos os que, com raízes no distrito, moram em Lisboa ou que fazem da capital ponto de passagem. Desde novembro que A Brasileira, o histórico café do Chiado eternizado pela relação com Fernando Pessoa, que em estátua se confunde com os clientes no topo da rua Garrett, faz da sua tradicional banca de jornais e tabaco um quiosque exclusivamente dedicado à imprensa regional.
A ideia é “fazer d’A Brasileira aquilo que foi no passado, um ponto de encontro cultural”, explica Sónia Felgueiras, responsável pelo marketing da gerência do espaço e leiriense de gema.
“Achámos que havendo um quiosque a 30 metros, com capacidade para ter mais diversidade de publicações, que não fazia muito sentido, num espaço que, sendo pequenino, é nobre, vendermos jornais nacionais. A história d’A Brasileira não é só d’A Brasileira, é do mundo. O fundador era de Alvarenga (Arouca) e, na verdade, muitas das pessoas que vivem em Lisboa não são de lá. Achámos que seria interessante trazer o país para a Brasileira, pôr o país à mesa do café e isso seria possível através da imprensa regional que conta histórias que a imprensa nacional não conta”, explica.
A gerência construiu um catálogo representativo do país. Excluíram-se os diários, por questões de logística, e ficaram os jornais semanais, quinzenais e mensais, numa primeira fase, com três exemplares. No estendal de jornais a representar o distrito de Leiria, estão o REGIÃO DE LEIRIA e a Gazeta das Caldas.
A ponte entre a ideia e as pessoas faz-se por Ernesto Miguel Silva, habitante único do pequeno quiosque. Trabalha ali há 30 anos. O emprego foi-lhe oferecido pelo tio, antigo proprietário do espaço, depois do incêndio dos Armazéns do Chiado ter deixado o negócio da família, praticamente sem clientes. “É uma ideia completamente inovadora. Vê-se o jornal da região na própria região, mas por exemplo, não vejo o jornal de Arouca à venda no Algarve, não vejo um jornal de Leiria à venda em Trás-os-Montes”, diz ao REGIÃO DE LEIRIA, revelando-se ansioso pelo regresso das pessoas em massa para lhes ver nos rostos a surpresa de verem ali a sua região representada. “Vão sentir-se ainda mais em casa”, sorri.
Texto: Tomás Gomes