O projeto de salvaguarda de danças tradicionais e populares portuguesas “Baile dos Pastorinhos” foi apresentado sábado, 9 de janeiro, em Leiria, dando início a uma programação de 16 momentos, que se estende até outubro.
Lançado pela Associação Folclórica da Região de Leiria – Alta Estremadura (AFRLAE), “Baile dos Pastorinhos” é pensado para as novas gerações e também para quem as ensina. Ao longo dos próximos meses haverá formações, oficinas pedagógicas, bailes em comunidade, tertúlias e uma convenção.
“‘Baile dos Pastorinhos’ é vocacionado para público infantojuvenil e tem uma linha forte na capacitação dos nossos agentes educativos, nomeadamente na formação creditada para professores e também para folcloristas”, explicou a presidente da AFRLAE, Ana Rita Leitão.
Em associação com o grupo musical Aire, que pegou no cancioneiro tradicional do concelho de Porto de Mós para lhe dar nova sonoridade, e com a investigadora e professora do Politécnico de Leiria Marisa Barroso, as ações vão decorrer em escolas de Leiria, Pombal e Porto de Mós de vários ciclos de ensino, e também em espaços culturais e festas populares. Está ainda prevista a edição de um CD e de um livro com análise das danças, entre outros conteúdos.
Segundo a investigadora Marisa Barroso, as danças tradicionais “não são fixas, são mutáveis e são permeáveis a muitas influências”, pelo que “a prática regular é a única forma de promovermos as danças e de as sentirmos”. É isso a que se propõe o projeto, “a salvaguarda ativa das danças”, sublinhou.
O projeto foi um dos quatro contemplados pelo programa de apoio municipal da Rede Cultura 2027, que candidata Leiria a Capital Europeia da Cultura 2027.
A iniciativa da AFRLAE, explicou a vice-presidente da Câmara de Leiria, teve “a ousadia de, através da cultura popular, chamar a si o conhecimento e a investigação”, envolvendo o Politécnico de Leiria.
“É um projeto inovador, criador, representando novas formas de ver a cultura popular e de olhar o futuro”, afirmou Anabela Graça, lembrando a mais-valia para a educação cultural, porque vai levar a tradição “desde os pequeninos do pré-escolar a alunos dos diferentes ciclos de ensino”.
A programação chegará a cinco municípios do território da candidatura a Capital Europeia da Cultura e, também por isso, “vai marcar a Rede Cultura 2027, pela coprodução e fortalecimento dos nossos agentes culturais”.
Para a AFRLAE, que representa 50 ranchos de Pombal a Peniche e da Nazaré a Ourém, “Baile dos Pastorinhos” significa “uma semente de futuro”, acredita a presidente da associação.
Ana Rita Leitão pretende que daqui surja para os grupos folclóricos “uma outra via que não seja só o cantar e dançar” como tem vindo a ser feito, “mas também encontrar outros meios de divulgação”.
“Se herdámos da política do espírito este empurrar o folclore para cima dos palcos, queremos muito que a dança desça ao terreiro e que seja devolvida ao corpo e à vida de cada um de nós”, concluiu.