Conseguiu apuramento para o quadro principal de um torneio do Grand Slam, pela primeira vez, mas esta vitória chegou acompanhada de dificuldades.
Tudo porque Frederico Silva, tenista de 25 anos, natural de Caldas da Rainha, viajou de Doha para Melbourne, na Austrália, onde irá disputar, a partir de 8 de fevereiro, o Open da Austrália, e acabou retido num quarto de hotel.
O tenista viajou num avião onde um passageiro que testou positivo ao novo coronavírus. As autoridades de saúde australianas, em conjunto com a organização do torneio, encaminharam todos os passageiros para isolamento.
Frederico Silva (182.º ATP) vai ficar em confinamento nos próximos 12 dias e não tem autorização para sair do quarto de hotel.
“Houve uma reunião ontem [domingo], via Zoom, em que se falou na possibilidade de se fazer uma ‘bolha’ dentro da ‘bolha’ geral, só para os jogadores em confinamento. Até agora ainda não nos disseram nada, mas parece-me muito difícil que isso possa vir a acontecer”, admitiu Frederico Silva, à Lusa.
Apesar de ter viajado na companhia do seu treinador Pedro Felner, o tenista das Caldas da Rainha está alojado num piso distinto e, como não pode privar com o técnico, tem feito “algum trabalho com o preparador físico em sessões online.”
“Consigo fazer alguma coisa de treino físico, mas nunca é a mesma coisa. Temos combinado começar a fazer agora duas sessões diárias para tentar evitar ao máximo a perda de condição física”, explicou.
Além das “três horas diárias de exercício no quarto” e de estar ainda em fase de “adaptação ao fuso horário, Frederico Silva garante estar “bem fisicamente”, embora “a nível emocional seja um pouco mais complicado.”
“Obviamente, não queríamos estar nesta situação, mas temos de aceitar o melhor possível e tentar geri-la da melhor forma”, confessou o esquerdino, que ocupa o restante tempo isolado a “ver séries, jogar Playstation e a falar com a família, namorada e amigos para tentar o ocupar o dia o máximo possível.”
Se tudo correr bem, ou seja, os testes forem negativos, o tenista deve poder sair do quarto para treinos condicionados: máximo de 120 minutos por dia no court, outros 90 minutos no ginásio e 60 minutos dedicados à nutrição.
Será testado diariamente à Covid-19 e tudo o resto, refeições, encordoamentos de raquetes têm de ser encomendados para o quarto.
Também o português Pedro Sousa, qualificado para o torneio, está a cumprir isolamento.
“Não está fácil. Se tudo tivesse corrido normalmente, teria saído no domingo para treinar, mas houve alguns problemas no sistema de testes e adiaram os treinos para hoje. Hoje, houve problemas nos transportes e todos os jogadores que treinavam antes das 15 horas, que era o meu caso, tiveram os treinos cancelados. Portanto, ainda não saí do hotel desde que cheguei no sábado, mas espero amanhã [terça-feira] conseguir treinar”, contou o lisboeta, em declarações à Lusa.
Enquanto não recebe autorização para treinar em ‘court’ com o sul-coreano Soonwoo Kwon (96.º ATP), que substituiu como seu parceiro de treino o canadiano Vasek Pospisil (61.º), que está em quarentena, depois de ter viajado “num dos voos afetados”, Pedro Sousa diz estar “a fazer algum exercício físico no quarto, embora não dê para fazer grande coisa.”
Com Lusa