As medidas de combate à pandemia de Covid-19 nas instituições de ensino superior agravaram as desigualdades entre os estudantes, disse esta quarta-feira, dia 24, o vice-presidente da Associação de Estudantes da Escola Superior de Arte e Design das Caldas da Rainha (AE ESAD.CR)
A AE ESAD.CR convocou para a tarde desta quarta-feira uma “reunião informal” de representantes de alunos de todo o país, na qual estão confirmadas as participações de 31 estruturas associativas para “discutir os problemas do ensino superior”, confirmou Nuno Marques.
A reunião, às 17:30, será “sobretudo informal”, frisou Nuno Marques, mas servirá “debater e refletir sobre o atual estado do ensino superior e o contexto em que se encontram os seus alunos”.
“Tanto o abandono dos estudos, como a degradação da saúde mental dos estudantes e todos os problemas que o ensino superior está a ter com o ensino ‘online’. Uma eventual posição conjunta partirá dessa discussão. Também cabe ao movimento estudantil decidir o seu próprio futuro”, apontou o vice-presidente da AE ESAD.CR.
Nuno Marques afirme que as medidas de apoio à economia que têm vindo a ser anunciadas pelo Governo, ao longo da pandemia, “não contemplam” o ensino superior.
“O Governo não está a ter uma posição favorável para os estudantes. Estamos em casa e continuamos a pagar propinas. Há muitos alunos que têm condições degradantes em casa, que não têm computador ou que têm de o partilhar com outros elementos do agregado familiar e a ação social não chega a esses alunos”, criticou.
Por isso, é necessário “mais investimento” no ensino superior, tanto “a nível material” como nos problemas que referidos.
Em comunicado, a associação de estudantes frisou que, apesar de compreensíveis, em função da “incapacidade de algumas instituições” para garantir a segurança, as medidas implementadas obrigaram a um “reajuste de ritmos de vida, de dinâmicas e de modelos pedagógicos” que expôs os “problemas estruturais” do ensino superior.
“O que se verificou foi a confirmação de que não estamos todos no mesmo barco. Muitos foram os estudantes que deixaram de conseguir acompanhar as aulas, de ter condições para realizar os trabalhos pedidos, que viram a carga de trabalhos aumentar e, como se isto não bastasse, muitos viram a própria saúde mental a degradar-se, havendo cada vez mais casos de depressão e ansiedade”, refere o comunicado estudantil.
“A perda de rendimentos das famílias, associada aos custos de frequência do ensino superior centra mais uma vez o combate ao abandono escolar como missão prioritária. Ninguém deve ficar privado de estudar por não ter condições económicas e urge dar uma resposta a este grave problema”, apelam os estudantes.