Coronavírus, Covid-19, SARS-CoV-2 bem podiam ter servido de inspiração para o segundo disco dos Worship of the Senses (WOTS). Mas não. “Tenho tentado não prestar atenção ao alarmismo público. Já não posso ouvir falar do vírus sem me apetecer gritar – embora o perigo seja real”, diz o fundador e vocalista da banda de Leiria.
Dez anos após o primeiro longa duração, os WOTS regressam com “Infinity”, onde se fala de miséria humana – “material e psicológica” -, injustiça, infidelidade e “beleza interior versus monstruosidade física”. Tudo “sem limites”, promete Nuno Russo.
Na verdade, “WOTS” (2011), o primeiro disco, foi mais “um trabalho a solo”. Depois dele, Nuno rodeou-se de músicos com “a mesma onda sonora” para tocar ao vivo, sem pretensões de um regresso a estúdio.
Só por volta de 2014 voltaram a gravar. Mas os 14 temas originais não convenceram. “Não ficaram com a qualidade suficiente para verem a luz do dia enquanto álbum, não chegámos a editá-los oficialmente. No entanto, eles andam por aí…”.
Já “Infinity” começou a ser gravado em 2019, sem noção de que “o ‘fim da civilização’ vinha aí a caminho”. O trabalho de largos meses ficou à espera de melhores dias e, neste início de 2021, o novo disco sai finalmente, revelando uns WOTS mais ecléticos.
“Ouço e aprecio vários estilos musicais e procuro que isso se note no que edito. Neste novo álbum, em particular, isso vai ser mais notório do que nunca”, diz Nuno Russo.
Lançar um disco no contexto atual afigura-se um ato de resistência, mesmo para quem não vive da música, reconhece Nuno Russo.
Com novo material, agora é esperar que “o vírus vá viver para Marte” para “voltar a dar alguns concertos” e “vender e distribuir álbuns e músicas”. E, “quem sabe, cativar algum businessman da indústria musical”, para levar “Infinity” mais além.
Os WOTS podem ser encontrados no Facebook e Youtube e prometem “espalhar a palavra ao máximo, ainda mais do que o que Moisés fez com as leis das tábuas dos Dez Mandamentos!”.