Será com “uma série de iniciativas” que irão decorrer ao longo dos próximos meses e até ao final do ano que a Associação Portuguesa de Imprensa (API) e a Associação de Imprensa de Inspiração Cristã (AIC) irão assinalar o Ano da Imprensa Regional, em 2021.
Numa carta aberta, sob o lema “Todos precisamos da imprensa regional”, as duas associações mentoras da iniciativa reafirmam o compromisso e a necessidade de agregar iniciativas, “numa perspetiva duradoura”, de forma a que se “garanta a sustentabilidade e desenvolvimento dos jornais locais e regionais, em suporte papel e digital”.
“A pandemia ainda não permitiu assinalar com a devida importância o Ano da Imprensa Regional, que se comemora em 2021, na sequência de uma deliberação conjunta datada do mês de dezembro, rubricada pela API – Associação Portuguesa de Imprensa e pela AIC – Associação de Imprensa de Inspiração Cristã. Apesar das dificuldades deste tempo marcado por confinamentos sucessivos e restrições em muitas frentes da vida individual e coletiva, é importante e urgente assinalar o Ano da Imprensa Regional, agregando iniciativas, numa perspetiva duradoura, que garanta a sustentabilidade e desenvolvimento dos jornais locais e regionais, em suporte papel e digital. É isto que as associações de imprensa, em parceria com os editores locais, irão concretizar ao longo dos próximos meses”, lê-se na missiva subscrita pelos presidentes das duas associações, João Palmeiro e Paulo Ribeiro, respetivamente.
Um bem coletivo
No mesmo documento, os dois responsáveis sublinham que “o ano em curso constitui um calendário de oportunidades para refletir e pôr em marcha medidas que reforcem o papel da imprensa regional, a sua independência de todos os poderes, a sua importância no combate à pandemia das notícias falsas, através de uma informação que convoca os melhores princípios éticos, a independência, o rigor, a inclusão, a pluralidade, a liberdade, o respeito pela privacidade, o respeito pelos leitores, a defesa dos direitos humanos e o escrutínio de todos os poderes”.
As duas associações consideram que “o papel de proximidade da imprensa regional é insubstituível e fundamental, um pilar importante e constituinte da própria democracia, que deve reforçar e ampliar diariamente o espaço de cidadania, com uma expressão própria, altamente relevante, sobretudo nas comunidades locais, onde muitas vezes a crítica e o contraditório são um verdadeiro exercício de coragem, por vezes mal recebido e até condenado por responsáveis e decisores locais”.
Dessa forma, “sem uma imprensa regional forte, a democracia será fraca e estará ameaçada”.
“A imprensa regional é um bem coletivo, ao serviço de cada indivíduo, mas também de todas as comunidades onde se insere e, no fim de contas, do país”, lê-se ainda.
As associações de imprensa “encorajam as autarquias e associações de municípios a estabelecerem planos permanentes de investimento na Imprensa Regional, com total transparência, sem qualquer condicionamento da linha editorial, garantindo assim a liberdade e o acesso à informação das populações que representam”.
Por outro lado, lembram que “as empresas e entidades públicas têm, também, um importante papel a desempenhar no seu relacionamento com a Imprensa Regional, pelo que se espera e deseja que estabeleçam parcerias duradouras que vão ao encontro do privilégio de poderem contar com marcas de informação de proximidade nos seus territórios”.
Ameaça à democracia
Num outro domínio, as associações de imprensa exortam as universidades, politécnicos, centros de saber, entidades públicas, e organismos ligados ao sector da imprensa “a debaterem a realidade que emerge de forma crescente nas comunidades locais, onde muitas autarquias, entre outras entidades, passaram a recorrer diariamente às plataformas digitais a pretexto de anúncio de medidas, explicações várias, resposta a críticas e divulgação de todo o tipo de iniciativas, esquecendo o papel dos órgãos de comunicação social e a mediação dos seus jornalistas”.
A API e a AIC alertam ainda que a pandemia e o aproximar das eleições autárquicas “têm potencializado este fenómeno recente, que rapidamente se poderá transformar numa ameaça à democracia, transformado informação em propaganda, condicionando fortemente o papel legítimo dos órgãos de comunicação social”.
“Independentemente das reflexões que possam surgir, as associações de imprensa esperam que as autarquias onde a opção por canais próprios de comunicação é mais expressiva, optem desde já por uma postura que dê a primazia à imprensa regional e local”, sublinham as duas entidades.
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