O relatório da comissão eventual de inquérito parlamentar sobre Pedrógão Grande confirma as preocupações da Associação de Vítimas relativamente à falta de ação na floresta da região, afirmou hoje a presidente da instituição.
“[O relatório] confirma a evidência que já tínhamos de que a questão florestal está completamente na mesma, sem qualquer alteração desde 17 de junho [de 2017], eventualmente pior, pela quantidade de combustível no território”, disse à agência Lusa a presidente da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG), Dina Duarte.
O risco de incêndio na zona do Pinhal Interior “mantém-se muito elevado”, concluiu a comissão eventual de inquérito parlamentar sobre o incêndio de Pedrógão Grande, em 2017, no relatório publicado na terça-feira, em que recomenda “uma avaliação global externa” ao Sistema Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios.
Segundo Dina Duarte, apesar de algum trabalho feito de limpezas “junto das aldeias e das vias de comunicação”, o território continua marcado pela regeneração natural do eucalipto, espécie que é “a rainha” na região.
“Faz falta um ordenamento florestal e lamentavelmente o que a associação confirma é que alguns proprietários continuam a investir no eucalipto”, notou.
Para a presidente da AVIPG, é necessário ações de sensibilização junto dos pequenos proprietários, mas também um investimento mais robusto e forte para uma reflorestação do território, com vista à mudança da sua paisagem e à aposta em espécies autóctones, normalmente mais resilientes a incêndios.
Dina Duarte também realçou que a associação concorda com a recomendação da comissão de inquérito para que haja um novo levantamento sobre as segundas habitações e que a sua reconstrução seja suportada pelo Estado.
“É importante que tenhamos o nosso parque habitacional completo e pleno e que faça regressar os vizinhos que vinham aqui passar temporadas. O interior precisa disso”, defendeu.
O projeto de relatório, que teve como relator o deputado Jorge Paulo Oliveira (PSD), foi hoje apresentado na respetiva comissão, avançando com um conjunto de 83 conclusões e 36 recomendações sobre agricultura, atividades económicas, floresta e habitação.