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Alvaiázere

Projeto em Alvaiázere aproxima famílias e vizinhos para combater solidão

Projeto abrange pessoas que não necessitam de apoio domiciliário nem de ser institucionalizadas, mas que não têm acompanhamento em termos de bem-estar e inclusão social.

Exterior do edifício da Câmara Municipal de Alvaiázere

O projeto “Capacitar para Partilhar”, desenvolvido por quatro entidades do concelho de Alvaiázere quer aproximar famílias e vizinhos para combater a solidão e isolamento dos idosos.

“O projeto surgiu por se tratar de uma zona muito despovoada, muito rural e desertificada, e da necessidade de prestar algum acompanhamento a pessoas que estão realmente muito isoladas”, afirmou à agência Lusa Leonor Atalaia, gerontóloga social.

Segundo esta técnica, pretende-se “não olhar para as pessoas de uma forma assistencialista, mas, sim, retirar o melhor que têm para oferecer”, com o intuito “de haver muita partilha entre as comunidades, os vizinhos e também estreitar relações com familiares”.

“O projeto é dirigido a pessoas com mais de 65 anos, a pessoas idosas, isoladas, com fraca rede social e com um índice de solidão relativamente elevado”, continuou Leonor Atalaia.

“Trata-se de pessoas que, a maior parte, não tem vizinhança próxima. Têm os primeiros vizinhos a 600 ou 800 metros”, exemplificou, reconhecendo ser necessário “um certo estímulo e pretexto para as juntar”, daí o papel do “Capacitar para Partilhar”, para também “ativar as comunidades”.

A gerontóloga social salientou que “são pessoas que não estão numa fase de institucionalização, não têm serviço de apoio domiciliário porque não é preciso, mas não têm um acompanhamento em termos do seu bem-estar, da sua inclusão social”.

O coordenador do projeto, Ludgero Marques, gestor de qualidade na Misericórdia de Alvaiázere, uma das entidades parceiras, salientou que o projeto passa também por “retardar a institucionalização e as demências, e que as pessoas continuem ativas e com uma qualidade de vida aceitável”.

Ludgero Marques adiantou que cada beneficiário tem um plano individual, no qual estão refletidos gostos e interesses, permitindo o desenvolvimento de atividades com pequenas vizinhanças, cumprindo as normas da Direção-Geral da Saúde devido à pandemia de covid-19.

Entre as atividades estão convívios de rua, jogos tradicionais, recolha de tradição oral, caminhadas e ginástica, videochamadas, música, sessões de jogos de estimulação cognitiva e culinária, assim como “muito acompanhamento telefónico” e entrega de bens essenciais.

“Fazemos também visitas com o senhor padre, para dar aconchego espiritual a estas pessoas, a maior parte bastante religiosa”, acrescentou Leonor Atalaia.

“Capacitar para Partilhar” começou em setembro de 2019 e envolve, além da Santa Casa da Misericórdia de Alvaiázere, a Associação Casa do Povo de Maçãs de Dona Maria, a Associação Social, Cultural e Recreativa de Almoster e o Centro Cultural Recreativo e Social da Freguesia de Pussos.

Em 2020 foram feitos 120 contactos, sendo que o projeto, para três anos, que pode ser renovado, acompanha agora 105 pessoas das cinco freguesias do concelho.

A meta é o acompanhamento de 300 pessoas, adiantou Ludgero Marques.

“As pessoas sabem que podem contar connosco a qualquer momento, basta um telefonema”, disse Leonor Atalaia, salientando: “Estamos agora a passar por uma quarentena, que é uma coisa que para nós é nova. Mas estas pessoas estão nesta fase de quarentena há anos. Não estão dentro de um lar, mas estão fechadas na sua casa e quase sem ver um vizinho. Alguns ainda têm os filhos, outros não. É quase uma quarentena durante anos e anos”, comparou a técnica desta iniciativa.

O projeto, de 142.160 euros, candidatado ao Programa Portugal Inovação Social, é financiado em 70% pelo Portugal 2020, cabendo ao Município de Alvaiázere os restantes 30%.

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