O Festival A Porta regressa em julho a Leiria mas, antes disso, desafia a comunidade a deixar memórias e sonhos numa caixa de ideias sobre a Villa Portela.
“Acima de tudo queremos que o lugar de experimentação deste ano consiga refletir uma série de possíveis construções comunitárias. Por isso, foi lançado o mote de convidar as diversas comunidades a partilhar as suas vontades e sonhos sobre a Villa Portela, um chalé no centro de Leiria, com um coração verde enorme, que sempre esteve fechado à comunidade”, adiantou à Lusa, um dos organizadores, Gui Garrido.
A organização refere em comunicado que estas memórias e sonhos da Villa Portela serão a base para o desenvolvimento de um imaginário coletivo que se traduzirá na construção de um programa que propõe desenvolver instalações, ‘workshops’ e outras ativações artísticas, transformando a Villa Portela e os seus jardins, num lugar e momento de partilha de ideias e sonhos, numa experiência de reencontro, de cruzamento de gerações, num catalisador de alegria e de educação através da arte e da valorização das narrativas e comunidades de Leiria.
Gui Garrido acrescentou que este projeto inicial vai dar “voz e ouvido” às comunidades, convidando-as à “partilha daquilo que achariam que poderia ser possível” naquele local.
“Vamos reconstruir, reinventar e reencontrar, vamos agir e intervir nas nossas comunidades, tal como sonhamos, de coração e braços abertos”, acrescenta o comunicado, sublinhando que se trata de um convite “à partilha, à reflexão e ao sonho que tem como inspiração um dos lugares mais extraordinários da cidade de Leiria: a Villa Portela”.
Durante as próximas semanas, todos são convidados a contribuir através do ‘site’ festivalaporta.pt ou de uma caixa de sugestões que é uma réplica em miniatura do edifício, a três dimensões.
Esta caixa irá circular por escolas, associações, lares, cafés, livrarias e grupos informais e funciona “como repositório de memórias e sonhos de diversas comunidades para um lugar, que se quer um lugar de muitos”.
Os cidadãos são desafiados a responder, sobretudo, a estas duas perguntas: “O que imaginas que já aconteceu nesta casa e neste jardim? O que achas que este espaço poderá ser no futuro?”, adiantou. As respostas do “imaginário das pessoas” servirão para “construir uma história coletiva”, explicou.
“Todo este material será passado aos artistas que estarão em residência para que consigam repensar, transformar e inspirar os seus trabalhos”, revelou Gui Garrido.
Segundo informou, todas as histórias, fotografias ou desenhos que chegarem irão fazer um arquivo, “que não ficará esquecido”. “Já temos histórias absolutamente inacreditáveis”, constatou, ao sublinhar que o “importante é lançar a semente de pensar em conjunto”.
A pandemia obrigará a um festival diferente. “O projeto pretende continuar num ano onde juntar as pessoas é extremamente complexo, por questões de saúde e sanitárias”.
Por isso, ao contrário do que sucedeu em anos anterior quando o festival “ativou diversos territórios da cidade de Leiria”, este ano a Porta fixar-se-á, sobretudo, na Villa Portela durante três fins de semana, de 2 a 18 de julho.
Durante esse período estão previstos os habituais programas de música, artes visuais e performativas e de formação, antecedidos por uma residência de artistas, uma semana antes.