Criada com o objetivo de “apoiar artistas com dificuldades, que tenham projetos emergentes e de qualidade, dando-lhes todas as comodidades para criarem”, a Open Call para as residências artísticas 2021 recebeu a adesão de 54 candidaturas de projetos nacionais e internacionais e dois deles foram selecionados.
Segundo Frédéric da Cruz Pires, diretor da companhia Leirena, de Leiria, o feedback foi “excelente” com propostas de “grande interesse artístico, como também de intervenção comunitária”.
“Estávamos para selecionar só um projeto, mas dada a qualidade de todos, acabámos por selecionar dois”: de um casal italiano, Gruppo di Due, com o projeto “One is too many”, e o projeto do Teatro Lobby, criado por duas atrizes portuguesas, “Por favor, não desligues!”.
O Grupo di Due e o Teatro Lobby vão receber uma bolsa no valor de 1.000 euros, financiada pelo Leirena e pela Fundação Caixa Agrícola de Leiria, além de subsídio de alimentação, alojamento e apoio na produção, para desenvolverem as suas propostas durante a residência artística, entre 10 de maio e 19 de junho, nos estúdios do Leirena, nas Galerias Alcrima, em Leiria.
Frédéric Pires explica que “o objetivo é que o [nosso] espaço seja um espaço de acolhimento. Não temos salas de espetáculos, mas podemos ceder os nossos espaços, dar a oportunidade para poderem criar”. Além disso, a companhia “dá todo o apoio em termos de produção e fotografia, bem como acompanhamento”, acrescenta.
Quanto às propostas a desenvolver durante a residência artística, o diretor do Leirena adianta que o espetáculo ligado ao circo, “One is too many”, de Davide Milani e Marzia Zambianchi, “junta lira e malabares, uma dramaturgia bastante interessante”.
Já o projeto “Por favor, não desligue!”, de Mariana Fonseca e Joana Brito Silva, é de intervenção comunitária, junto dos utentes das instituições particulares de solidariedade social do concelho de Leiria. “As duas atrizes vão estabelecer contactos com estes idosos, falar com eles e principalmente ouvi-los. Estarão sempre disponíveis para atenderem o telefone”, diz Frédéric.
Através da informação recolhida junto dos idosos contactados, Mariana Fonseca e Joana Brito Silva irão criar uma dramaturgia, que será apresentada, tal como o espetáculo do Gruppo di Due, a 20 de junho no festival de teatro comunitário Novos Ventos, que circula por freguesias do concelho.
Esta é a primeira residência artística produzida neste âmbito e, segundo o diretor do Leirena, além de ajudar a economia cultural a “fluir”, é benéfica para a companhia “ao estabelecer contactos com outros criativos a nível nacional e internacional”; para a cidade “que tem vindo a estar cada vez mais aberta a grupos de fora e residências artísticas” e “também saem a ganhar os próprios criadores que vêm criar os seus espetáculos aqui”.
“É um investimento nos criadores, no Leirena, na cidade e no próprio público, que precisa de ver outras coisas, outras linhas estéticas e formas de abordar o teatro e fazer com que o teatro se possa relacionar com as pessoas”, refere.
O caminho ainda é longo, mas Frédéric Pires marca já o objetivo do próximo ano: alargar o número de residências artísticas inseridas no festival Novos Ventos, consoante o número de concelhos abrangidos.