Os números são frios e retratam uma dura realidade. A incidência (surgimento de novos casos) de tumores malignos vai aumentar e a mortalidade também, muito por força do envelhecimento da população, associado a fatores genéticos e ambientais mas também a estilos de vida pouco saudáveis.
Ainda assim, há esperança. A taxa de sobrevivência – número de indivíduos vivos com diagnóstico de cancro – tem vindo a subir e o cancro deixou de ser uma doença fatal. É cada vez mais uma doença crónica e até curável.
Estima-se que em cerca de 350 mil o número de sobreviventes de cancro em Portugal. Contribuem para isso ações de prevenção, rastreios e deteção precoce, melhor diagnóstico e melhores tratamentos.
Os dados mais promissores reportam-se ao cancro da próstata em que a taxa de sobrevivência rondou, entre 2010 e 2014, os 91% em Portugal , e ao cancro da mama que se aproximou dos 88%.
Segundo estudos do Cancer Survival Group da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, seguem-se os cancros do cólon e do reto, com uma taxa de sobrevivência próxima dos 60%, e do estômago, com 32,2%.
Embora com uma taxa bastante mais reduzida, a sobrevivência entre os doentes com cancro do pulmão e do pâncreas tem subido paulatinamente entre os anos 2000 e 2014 de 10,6% para 15,7% e de 8% para 10,7% , respetivamente.
Um maior investimento na investigação das diversas patologias, a inovação científica ao nível dos tratamentos e um maior acesso aos cuidados de saúde têm sido também preponderantes na luta contra a doença oncológica, a segunda principal causa de morte no mundo.
Calcula-se, em contrapartida, que 30 a 50% das mortes por cancro poderiam ser prevenidas com a adoção de estilos de vida mais saudáveis, com destaque para a cessação tabágica, redução do consumo de álcool, alimentação saudável e peso equilibrado, prática regular de exercício físico, redução da exposição solar e prevenção de infeções.
No ano passado, e de acordo com os dados mais recentes do Observatório Global do Cancro (Globocan) da Agência Internacional para a Investigação do Cancro (IARC), terão sido diagnosticados 60.467 novos casos de cancro em Portugal. Um número que poderá crescer para 70.700 (mais 17%) em 2040, de acordo com as previsões da progressão da doença a 20 anos.
Cancros do pâncreas, mama, pulmão, próstata e colorretal ao pormenor
Com uma prevalência a rondar os 169.550 casos, as doenças oncológicas terão causado no ano passado 30.168 mortes em Portugal.
O cancro colorretal foi o que registou maior incidência com 10.501 novos casos (17,4% de um total de 60.467), seguindo-se o da mama com 7.041 casos (11,6%), o da próstata 6.759 (11,2%), o do pulmão 5.415 (9%) e o do estômago 2.950 (4,9%).
Já o cancro do pulmão continua a ser o mais mortal, sendo responsável por 18% do total de mortes por cancro, seguindo-se o colorretal (9,4%), do fígado (8,3%), do estômago (7,7%) e da mama feminino (6,9%).
Sinais de alerta: esteja atento e procure o seu médico em caso de dúvida
A maioria dos cancros desenvolve-se silenciosamente, sendo demasiadas vezes diagnosticados tardiamente. Alguns sintomas podem contudo indiciar que algo não está bem. Em caso de dúvida, consulte o seu médico.
- Perda de peso inexplicada
- Falta de apetite
- Fadiga ou cansaço sem motivo
- Febre sobretudo ao final do dia
- Dor persistente e localizada sem causa aparente
- Feridas que não cicatrizam
- Alterações do trânsito intestinal
- Fezes com sangue ou coloração alterada
- Dificuldade, desconforto, dor ou ardor ao ingerir alimentos
- Rouquidão sem razão aparente
- Tosse persistente
- “Falta de ar” sem causa aparente
- Expetoração com sangue
- Nódulo mamário, testicular, axilar, inguinal, cervical
- Alterações da pele da mama
- Alterações mamilares (inversão mamilar, escorrências)
- Dor persistente ao urinar
- Urina com sangue ou de cor escura
- Urinar com muita frequência e sensação de não esvaziamento da bexiga
- Incontinência urinária sem motivo aparente
- Perdas de sangue vaginais
- Lesões na pele com alteração de características
(Artigo e infografias publicados originalmente no Diretório de Saúde 2019 do RL e atualizados)