Desfazer mitos
“A natação é um ótimo exercício para o reforço muscular, contudo não é um exercício eficaz para o aumento da densidade óssea, não sendo por isso recomendada para a prevenção da osteoporose“
O que é a osteoporose?
É uma doença generalizada do esqueleto que se caracteriza pela perda de massa óssea e por alterações da microarquitetura do osso/qualidade do tecido ósseo, conduzindo a um aumento da fragilidade óssea e, consequentemente, a um risco elevado de fraturas.
E o que é uma fratura osteoporótica?
Define-se como uma fratura de baixo impacto ou de fragilidade, isto é, que ocorre espontaneamente ou após um traumatismo minor. As fraturas vertebrais, da anca e do punho estão entre as fraturas osteoporóticas mais comuns, no entanto a osteoporose está associada a um aumento do risco de qualquer tipo de fratura óssea.
Quais são as principais causas?
A diminuição da massa óssea está intimamente ligada ao envelhecimento e, nas mulheres, a um conjunto de alterações hormonais relacionadas com a menopausa. O tabagismo, o consumo excessivo de álcool, o baixo índice de massa corporal (baixo peso e baixa estatura), o tratamento com corticóides, as doenças inflamatórias crónicas como a artrite reumatoide, a história de fratura osteoporótica prévia ou história familiar desta doença são outros fatores de risco.
Existem sinais de alerta?
A osteoporose é uma doença silenciosa, não causando quaisquer sintomas até à ocorrência de fratura óssea.
O que pode contribuir para a sua prevenção?
A prevenção da osteoporose começa na infância com hábitos de vida saudáveis para adquirir um pico de massa óssea adequada. Na idade adulta, têm de ser tomadas uma série de medidas destinadas a desacelerar a diminuição da massa óssea, sendo particularmente importante nas mulheres após a menopausa. A prática regular de exercício físico, uma dieta equilibrada com ingestão adequada de cálcio e de proteínas, e a exposição solar frequente (exposição de face, braços e mãos 15-20 minutos diários, sem proteção solar), de modo a estimular a produção de vitamina D, essencial para a absorção de cálcio nos intestinos e uma correta mineralização do osso são medidas recomendadas. A prevenção do risco de quedas é também importante, principalmente nos idosos.
50
Aproximadamente 1 em cada 3 mulheres e 1 em cada 5 homens com mais de 50 anos irá sofrer uma fratura no decorrer da sua vida. A osteoporose é mais comum nas mulheres após a menopausa mas pode surgir mais cedo se existirem fatores de risco, como por exemplo a toma de corticóides
Como se diagnostica?
O diagnóstico é feito através da avaliação da densidade mineral óssea (DMO) medida por densitometria óssea. Quando a DMO se encontra abaixo de um determinado limiar (T-Score < -2,5) é feito o diagnóstico da doença. Em muitos casos, apesar da DMO se encontrar ainda acima do limiar referido, o doente apresenta já um aumento marcado do risco de fratura osteoporótica devido à presença de fatores que contribuem para a deterioração da qualidade do tecido ósseo, justificando por isso a instituição de terapêuticas adequadas. O diagnóstico de osteoporose deve também ser estabelecido, independentemente do valor da avaliação da DMO, na presença de uma fratura osteoporótica prévia.
Que tratamentos são recomendados?
Existem vários fármacos que podem diminuir a perda de massa óssea e/ou aumentar a densidade mineral óssea através de diferentes mecanismos de ação. Estão disponíveis em várias formulações (oral ou endovenosa) e posologias (diária, semanal, mensal, semestral ou anual). A decisão de utilização de um fármaco é tomada pelo médico em conjunto com o doente, tendo em conta a gravidade da osteoporose, a existência de fraturas prévias e a existência de outras doenças que possam interferir com o tratamento.
A prevenção de quedas e fraturas deve ser uma preocupação para quem tem osteoporose?
Aproximadamente 1/3 das pessoas com mais de 65 anos sofre uma queda a cada ano, sendo que este risco aumenta com a idade. As quedas são uma das principais causas de morbilidade e mortalidade em adultos podendo conduzir à redução da independência, dor crónica, perda de autonomia, deformidades, depressão e ao isolamento social. São ainda um fator de risco independente para fratura em indivíduos idosos, pelo que a prevenção de quedas parece ser tão eficaz como a medicação para reduzir o número de fraturas em pacientes com osteoporose, uma vez que o facto de existir uma fratura prévia aumenta, exponencialmente, o risco de uma nova fratura.
(Artigo publicado originalmente no Diretório de Saúde 2020 do RL, onde pode encontrar esclarecimentos de especialistas sobre outros temas)