Por um par de horas e nuns quantos metros quadrados, Leiria esqueceu a pandemia e travestiu-se de cidade cosmopolita, como as que são agitadas por exposições criativas e inaugurações concorridas. Motivo: a revelação de uma ideia original do artista António Palmeira, iniciada há quase 15 anos.
De 2007 para cá, a convite de Palmeira, 37 artistas pintaram na Prisão Escola, no Moinho do Papel e na Igreja de S. Pedro sem noção da cor: a luz vermelha que “inundou” essas sessões baralhou a paleta, reduzindo-a a um enigmático conjunto de tons.
O resultado desse exercício foram 43 obras que nunca tinham sido vistas em condições de iluminação normal (nem pelos próprios autores) até à sexta-feira passada. Na Igreja de São Pedro, a exposição “Pintura sob luz vermelha” foi inaugurada com uma premissa: as luzes só mudavam após meia hora; antes disso, público e artistas foram sujeitos à luz vermelha, que transmitiu à igreja um ambiente próximo do de uma discoteca bem disposta.
Com o relógio em contagem decrescente para o encerramento de portas, viram-se pinturas e também as pessoas: ali encontraram-se amigos que não se viam há longo tempo e artistas que recordaram as experiências “patrocinadas” por António Palmeira.
A exposição fica patente até ao fim de junho, sem luz vermelha, mas com pequenas placas de acrílico que simulam o efeito. Depois, as obras vão ser oferecidas a espaços de saúde.