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Cultura

Mil pessoas já dançaram o cancioneiro tradicional no “Baile dos Pastorinhos”

“Os alunos primeiro estranham, depois entranham e é uma grande diversão”, explica a presidente da Associação Folclórica da Região de Leiria – Alta Estremadura, que nas últimas semanas pôs a dançar nas escolas mais de meio milhar de crianças e jovens.

Cerca de mil participantes aprenderam e dançaram o cancioneiro tradicional da Alta Estremadura no primeiro mês do “Baile dos Pastorinhos”, projeto que está a ser recebido com “surpresa e entusiasmo” no distrito de Leiria, afirmou hoje uma responsável.

Alunos de escolas de Porto de Mós, Benedita (Alcobaça), Marrazes e Parceiros (Leiria), mas também professores e elementos de ranchos folclóricos que frequentaram formações têm abraçado esta proposta da Associação Folclórica da Região de Leiria – Alta Estremadura (AFRLAE), que começou em maio e prossegue até outubro.

“Os alunos primeiro estranham, depois entranham e é uma grande diversão”, explica à agência Lusa a presidente da associação, que nas últimas semanas pôs a dançar nas escolas mais de meio milhar de crianças e jovens.

Uma das oficinas pedagógicas do projeto “Baile dos Pastorinhos” decorreu em maio na Batalha Fotos: AFRLAE

Mas a realidade encontrada é desoladora: “As crianças não conhecem nenhuma dança da região”, lamenta Ana Rita Leitão. E, quando as aprendem, “estranham como é que ainda não as conheciam”. 

O “Baile dos Pastorinhos”, programa de salvaguarda e promoção das danças da Alta Estremadura, é apoiado pela Rede Cultura 2027, que candidata Leiria a Capital Europeia da Cultura, e revela-se “uma proposta de educação cultural com elevado grau de salubridade”.

“É sadio, muito natural, faz bem ao corpo e à mente”, contemplando “uma componente histórica e patrimonial importante”, realça Ana Rita Leitão. 

“Tem havido muita surpresa e entusiasmo. As pessoas só não amam aquilo que não conhecem. Não dando oportunidade para este conhecimento chegar a alunos e professores, nunca saberemos se gostam ou não”, defende.

Determinantes para a transmissão deste património imaterial nacional, os docentes mostram-se “sedentos de mais informação nesta área da cultura popular”, para a transmitirem nas aulas, diz a presidente da AFRLAE, garantindo que as danças tradicionais “não querem tirar o lugar a ninguém” nas escolas.

“Queremos que as pessoas percebam que este é, também, um caminho para a formação dos cidadãos, [preservando] as nossas tradições – e a maneira de as salvaguardar é dançar”, acrescenta a responsável.

Em crise devido à pandemia, também o movimento folclorista tem aqui uma experiência valiosa. Por exemplo, a AFRLAE representa cerca de meia centena de ranchos, mas Ana Rita Leitão teme que vários encerrem devido à pandemia. 

“Muitos grupos não vão retomar as atividades, porque estavam formatados a agir em prol dos seus festivais e outras atividades que realizavam. Agora, com menos elementos, não o vão poder fazer”, admite.

O projeto “Baile dos Pastorinhos” mostra que a formação pode ser “outra área de atividade, que não só a exibição [do folclore]”. “Se não fizermos esta aproximação mais direta ao público e não o tornarmos participante, não vamos lá”. 

E será isso que vai evitar a extinção do folclore? “Espero que sim. Se não for com esta ideia, que seja com outra, mas que alguém o salve”.

Limitado pela pandemia, o “Baile dos Pastorinhos” tem-se centrado na componente formativa.

Na terça-feira há concerto com o grupo Aire, parceiro do projeto, no Castelo de Porto de Mós, às 19 horas. É o próximo evento da agenda que inclui, além das formações e oficinas pedagógicas, tertúlias, uma convenção e ainda bailes em comunidade, que aguardam tréguas da pandemia para avançar.

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