A morte de uma mulher que circulava numa avenida em Lisboa, quando um condutor embateu na parte traseira da sua bicicleta, está na origem de uma vigília que vai juntar ciclistas em vários pontos do país este sábado, dia 3.
Em Leiria, o encontro será no largo do Papa e pretende sensibilizar a população para as condições de segurança dos utilizadores de bicicleta.
A iniciativa partiu da Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB) que apelou aos cidadãos para que, no sábado, cumpram três minutos de silêncio em memória das vítimas da sinistralidade rodoviária e usem uma peça de roupa branca.
“Não podemos manter estes níveis de sinistralidade. Não devemos continuar a corrigir o mal que foi feito, mas sim prevenir que aconteça. Esta é uma infraestrutura como tantas outras no país: com um perfil que convida a velocidades elevadas, ainda que semaforizada, sem ciclovia dedicada aos utilizadores de bicicleta, pelo que deveria ter fiscalização permanente, assim como radares de controlo de velocidade”, refere a FPCUB em comunicado.
Com o aumento de utilizadores de bicicletas, no atual contexto de pandemia de covid-19, a preocupação da Federação quanto “às condições de segurança em que os utilizadores se deslocam diariamente” tem-se tornando um ponto fulcral para as suas ações, lê-se na nota de imprensa que divulgou ontem.
Em Leiria, o ponto de encontro está agendado para as 11 horas, no largo do Papa, prolongando-se por 30 minutos. Os organizadores do encontro de Leiria apelam a que os participantes utilizem as “bicicletas para garantir a distância de segurança exigida pela DGS” e se manifestem, de forma pacífica, pela segurança dos ciclistas. “Exigimos mais segurança para todas as pessoas nas estradas portuguesas, onde são atropeladas gravemente e mortalmente centenas de pessoas todos os anos! Esta vigília pacífica, é uma homenagem a todas as vítimas de atropelamento, mas sobretudo uma chamada de atenção para que a cidade se torne rapidamente mais segura para todos os utilizadores, por forma a que não haja nem mais uma vítima”, partilha um dos promotores, na página do evento criada no Facebook.
A ação de consciencialização realiza-se, em todo o país, no sábado, pelas 11h30.
Segundo o comunicado da Federação, dos 54 “pontos negros” (troços de estrada com elevado número de acidentes) identificados em 2019, 22 (40%) são “recorrentes” e a quase totalidade dos locais situam-se nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto (85%), sendo que se registaram, no mesmo ano, 626 vítimas mortais em acidentes rodoviários, das quais “26 eram utilizadores de bicicleta e 134 eram peões [26% das vítimas mortais]”.
Além das iniciativas já realizadas, a FPCUB adianta que vai solicitar audiências ao Governo, ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes, à Autoridade Nacional da Segurança Rodoviária e à Autoridade da Mobilidade e dos Transportes para “agir e fazer um apelo cívico a medidas concretas”.
“A FPCUB defende, de imediato, a preparação e aprovação no parlamento de uma Lei da “Velocidade Regulada dos 30Km/h” aplicável a eixos da rede viária local e secundária acompanhada de uma política de “tolerância zero” em relação a comportamentos manifestamente perigosos ou agressivos, enquanto não se atingir o objetivo de zero atropelamentos e zero mortes”, é referido no comunicado.
“Mas, acima de tudo, necessitamos de consciencializar que a velocidade mata e que grande parte de nós, mesmo os que utilizamos a bicicleta, somos também utilizadores de carro ou mota, mas no final do dia, Todos Somos Peões”, é acrescentado na nota.
Com Lusa