A piscina colocada à margem da lei na cobertura do lote nº 4 do Condomínio Portas do Sol, no centro de Leiria, motivando queixas dos moradores por danos causados no edifício, não aparenta ter provocado uma sobrecarga na estrutura do imóvel.
“O relatório da vistoria efetuada [pelo município] não refere o risco de punçoamento (força aplicada numa pequena área de uma superfície) sendo, no entanto, referido que “a situação poderá pôr em risco a segurança e salubridade de pessoas e bens”, explicou ao início da tarde desta quinta-feira, dia 15, a câmara de Leiria.
A autarquia adianta, em resposta a questões colocadas pelo REGIÃO DE LEIRIA, que, “na sequência de uma queixa, foi efetuada uma vistoria ao local, tendo sido identificadas diversas patologias, bem como obras executadas em desacordo com o projeto aprovado onde se inclui uma piscina na cobertura”.
“Nessa sequência, foi efetuada a respetiva notificação à administração do condomínio no sentido de proceder à reparação das referidas patologias, tendo sido também notificada a proprietária da fração”, adianta.
Mais tarde, “foi ainda comunicado à proprietária da referida fração no sentido do esvaziamento imediato da piscina, dado que poderia encontrar-se em causa a segurança de pessoas e bens”.
Entretanto, “encontram-se a decorrer os procedimentos tendentes à verificação do cumprimento das notificações efetuadas e respetivas medidas de tutela para efeitos de reposição da legalidade urbanística”.
O advogado mandatário da proprietária da fração enviou na terça-feira, dia 13, um requerimento à câmara municipal em que “refere que se procedeu ao esvaziamento da piscina”.
Este caso foi revelado nas edições desta quinta-feira do Jornal de Leiria e do Correio da Manhã. Segundo o semanário editado em Leiria, “o resultado de duas vistorias técnicas confirmam que o edifício sofre de diversas patologias, agravadas pela instalação de uma piscina ilegal na cobertura de um dos lotes, ameaçando a segurança de pessoas e bens”.
“Num dos relatórios, feito por um engenheiro a pedido dos condóminos, é mesmo referido que, face à sobrecarga exercida na laje onde a piscina está aplicada, corre-se o risco de poder desencadear o mecanismo de punçoamento e provocar o colapso da estrutura”, refere o jornal, embora a vistoria efetuada por técnicos do município não refira esta hipótese.
Um morador no lote nº 4, Ricardo Vieira, contou ao Jornal de Leiria que “os problemas começaram a sentir-se a partir de 2012, após a construção da piscina, com o surgimento de infiltrações nos apartamentos”, registando-se também “quedas de lajes e de ladrilhos nas paredes exteriores, que foram substituídas e aparafusadas, e queda de reboco e esmagamento de tijolo nas garagens e em alguns apartamentos”.
Já o Correio da Manhã adianta que “o somatório da estrutura e a água necessária para a piscina ronda as 50 toneladas” e está instalada paredes meias com “uma das casas do guarda-redes de futebol Rui Patrício no edifício”. “A casa dele está encostadíssima à piscina”, explicou ao jornal Manuel Pereira, residente no prédio há onze anos.