“Permitam-nos que trabalhemos em maioria”. O pedido foi feito esta noite por Cidália Ferreira, no seu discurso de apresentação enquanto candidata do PS à Câmara da Marinha Grande.
Com a memória dos trabalhos que enfrentou nestes quatro anos, citados nos discursos que a antecederam na cerimónia, Cidália Ferreira centrou a mensagem no que foi feito e no que uma maioria na governação poderia permitir. É que, em 2017, Cidália Ferreira foi eleita presidente da Câmara, mas em maioria relativa.
Estrela da noite, Marta Temido, deixou o mote da continuidade reforçada: “Os amores da Cidália não são amores novos e de entusiamos recentes, vêm de trás”, afirmou, lembrando apostas antigas dos socialistas da Marinha Grande, na área da saúde, entre outras.
Mas antes das palavras da governante com o espinhoso dossiê da pandemia, foram desfiados os obstáculos que o último mandato encerrou. E quais foram? Muitos e duros, de acordo com os socialistas.
O fogo no Pinhal, o furacão Leslie, a pandemia, mas também a oposição, foram incluídos na lista de problemas que travaram o ímpeto socialista. Isso mesmo sublinharam os responsáveis que passaram pelo palco do teatro Stephens que, na noite desta terça-feira, recebeu a cerimónia de apresentação da candidatura do PS na Marinha Grande.
A apadrinhar a apresentação, Marta Temido, a socialista que tem em mãos a gestão da pandemia, arrancou constantes aplausos e deixou o apoio à candidata do PS.
Da concelhia socialista, chegou o elencar dos males que atingiram este mandato. Foi o fogo no Pinhal do Rei, seguido do sopro violento do furacão Leslie e a pandemia que chegou em março de 2020, sublinhou Nélson Araújo, líder da concelhia socialista.
“Nunca como nestes quatro anos, o poder local foi tão interpelado a assumir a sua responsabilidade na promoção, defesa e salvaguarda dos interesses locais”, enfatizou.
Para além destes problemas, um outro se somou: “a catástrofe da oposição”, apontou Curto Ribeiro, candidato à presidência da Assembleia Municipal.
Um dos obreiros do acordo com os comunistas que permitiu a partilha de pelouros entre a maioria socialista e a CDU na gestão de Álvaro Pereira, Curto Ribeiro não poupou, desta feita, a candidatura que há quatro anos mais perto ficou dos socialistas.
O PCP “renegou um passado” e a sua candidatura “vendeu-se” a um projeto de “ambição pessoal de conquista do poder pelo poder”, criticou.
A mira foi ainda apontada aos independentes do MpM que acusou de integrarem uma “coligação improvável” que, afirmou, o afastou da presidência da Assembleia Municipal e foi “força de bloqueio” no executivo.
Este cenário de adversidades, revelou a capacidade de “resiliência” de Cidália Ferreira e Célia Guerra no executivo, sublinhou ainda.
“A Cidália é uma verdadeira líder que apesar de tanta areia na engrenagem nunca deixou de levar a água ao seu moinho”, afirmou, por sua vez, Walter Chicharro, líder da distrital de Leiria do PS, adiantando: “imaginem o que podia fazer com a votação que todos ambicionamos”.
O responsável máximo do PS no distrito de Leiria, que é presidente da Câmara da Nazaré, enalteceu ainda o trabalho “gigante” de Marta Temido ao serviço do país, fazendo o paralelismo com a onda da Nazaré: “o que tenho visto em si, senhora ministra, é a capacidade de surfar a onda e bater recordes” pela forma como tem gerido a pandemia e a vacinação.
O elogio haveria de estender a outra mulher: Cidália Ferreira, a “líder que veste a camisola da Marinha Grande”.
Já Marta Temido, elogiou as apostas da candidatura do PS e deixou uma “palavra de homenagem aos profissionais de saúde” que integram a candidatura.
O discurso final estava reservado à cabeça de lista do PS. E uma frase sintetiza os cerca de 40 minutos de discurso da candidata Cidália Ferreira: “permitam-nos que trabalhemos em maioria”. Com o teatro com a lotação esgotada – mas com o distanciamento recomendado pela DGS assegurado – Cidália Ferreira mostrou-se emocionada ao constatar: “aqui estão os meus amigos”.
Seguiram-se exemplos de projetos que, explicou, foram concretizados neste mandato do executivo do PS: da compra da FEIS, às obras na foz do rio Lis, à mudança de instalações do mercado, à abertura das conservatórias no edifício Cristal Atrium, entre outros.
Pelo meio, foram deixadas pistas de futuros projetos, como é o caso do primeiro piso do Cristal Atrium que poderá vir a receber serviços do ICNF ou a próxima abertura da creche.
E a quem se questionar por que razão estes e outros projetos não foram feitos antes, Cidália Ferreira deixou a resposta que resume o obstáculo que os socialistas gostariam de ver resolvido nestas eleições: “Porque não temos maioria”.