A utilização de extratos de algas na suplementação de óleos alimentares poderá aumentar o seu tempo de vida útil, conclui um estudo efetuado em Peniche, no âmbito de um projeto promovido pelo MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente do Politécnico de Leiria.
As conclusões do estudo só deverão ser apresentadas em setembro, mas Carla Tecelão, investigadora do Instituto Politécnico de Leiria (IPLeiria), disse à agência Lusa serem já conhecidos “resultados muito promissores no sentido de que a suplementação com algas aumenta a estabilidade do óleo e prolonga o seu tempo de vida útil, evitando algumas reações que levam à degradação”.
Intitulado “Ocean2Oils”, o projeto está a ser desenvolvido em Peniche, no edifício MARE, visando “explorar as algas como fonte de compostos bioativos, em particular de antioxidantes”, que, segundo a investigadora, ”são extraídos e adicionados ao óleo”.
Os testes laboratoriais efetuados permitiram verificar resultados positivos em relação “ao valor nutricional e à estabilidade” dos óleos alimentares que estão sujeitos a reações de degradação, “quer pelo contacto com o oxigénio (oxidação), quer pelas temperaturas elevadas e pela água libertada pelos alimentos”, explicou Carla Tecelão.
O “caráter inovador do estudo motivou o pedido de uma patente nacional que foi concedida” e, de acordo com a investigadora, o projeto abrange ainda mais duas linhas de investigação.
Nomeadamente a utilização de extratos das algas no desenvolvimento de revestimentos comestíveis para aplicação “em alimentos antes da fritura, por forma a minimizar a perda de água e a absorção de óleo pelos produtos fritos”.
E por último, “o aproveitamento da biomassa residual, que fica depois da extração dos oxidantes, e que ainda é rica em nutrientes, em rações para aquacultura”, afirmou a investigadora.
O projeto teve início em setembro de 2019 e deveria ficar concluído no final deste mês. Os atrasos devido à pandemia de covid-19 levam a equipa a pedir uma prorrogação, já concedida até fevereiro de 2022 e que poderá ser ainda estendida por mais alguns meses para avaliar a aplicação prática.
O consórcio do projeto “Ocean2Oils” envolve quatro entidades, duas instituições de ensino superior – o IPLeiria, como promotor, e o Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa – e duas empresas: a Sovena Consumers Goods (na área do comércio de azeite, óleos vegetais e sabões) e a Francisco Baratizo, sediada em Peniche e que se dedica à congelação e transformação de produtos da pesca.
O “Ocean2Oils” tem um orçamento de cerca de 200 mil euros, dos quais 86% financiados pelo programa Fundo Azul, da Direção-Geral de Política do Mar.