Há duas candidaturas relativas a projetos no concelho de Leiria, na área da arqueologia, aprovadas para um “apoio financeiro extraordinário” a 100%, anunciou esta segunda-feira, dia 28, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC).
Os projetos são a “Ocupação Humana Plistocénica nos Ecótonos do rio Lis – Segunda fase. 2021-2025”, da responsabilidade de Telmo Jorge Ramos Pereira; e o “Abrigo do Lagar Velho e os primeiros humanos modernos do extremo ocidental europeu. 2018-2021”, sob responsabilidade científica de Joan Daura Lujan, no Vale do Lapedo.
O primeiro procura compreender os modos de vida e os rituais de morte das populações pré-históricas que habitaram a bacia do Rio Lis, especialmente durante o Paleolítico. Iniciado em 2015, o “EcoPLis” registou no primeiro ano de atividade 45 novos sítios arqueológicos e iniciou escavações em quatro sítios arqueológicos já conhecidos.
A segunda candidatura aprovada refere-se ao “Menino do Lapedo”, encontrado em 1998, no Abrigo do Lagar Velho, na freguesia de Santa Eufémia. O esqueleto tem 29 mil anos e constituiu um acontecimento marcante no seio da paleoantropologia internacional, por se tratar do primeiro enterramento Paleolítico escavado na Península Ibérica.
O teto máximo atribuído foi de dez mil euros, para o qual foram escolhidos os projetos “Perdigões: apogeu e crise de um grande recinto de fossos. 2019-2023; em Reguengos de Monsaraz, sob a responsabilidade do arqueólogo António Valera, e a “Ocupação Humana Plistocénica nos Ecótonos do rio Lis – Segunda fase. 2021-2025”, ambos financiados a 100%.
Dez projetos foram apoiados a 100%, com valores acima dos nove mil euros, entre eles, a “Valorização das Ruínas Romanas de Tróia” sob orientação de Maria Inês Vaz Pinto, o “Abrigo do Lagar Velho e os primeiros humanos modernos do extremo ocidental europeu. 2018-2021”; e “Muçulmanos e Cristãos: Território e identidades em mudança. 2018-2022”, em Cacela, no distrito de Faro.
No total, foram apoiadas 31 candidaturas, com 199.580 euros, embora o valor das iniciativas ativas atingisse os 289.813,03 euros.
“A decisão da percentagem de financiamento a cada projeto, teve em consideração” critérios como a a “avaliação atribuída ao projeto pelo Painel Nacional de Avaliação”, o “cumprimento pelo investigador responsável de obrigações definidas no Regulamento de Trabalhos Arqueológicos (RTA)”, a “elegibilidade das despesas propostas” e a “conformidade das despesas com o projeto aprovado”, justifica a DGPC.
A DGPC garante que vai “promover anualmente um concurso para financiamento de Projetos de Investigação Plurianual em Arqueologia”.
Deste modo, a DGPC “pretende que o apoio financeiro à investigação arqueológica decorra no âmbito de procedimento concursal público e universal, com periodicidade regular anual, assente em regras de funcionamento previamente definidas e claras, garantindo a estabilidade e a previsibilidade necessárias ao planeamento, programação e implementação de projetos de investigação arqueológica em Portugal”.
Encontra-se já “em curso” a “definição do respetivo modelo regulamentar e de funcionamento, no âmbito das atividades do Grupo de Trabalho ‘Estratégia Nacional para a Arqueologia’”.