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No calcário do Codaçal mora a nova atração da serra

Onde antes quase só circulavam camiões, agora todos os dias há turistas a visitar a aldeia do concelho de Porto de Mós. É gente que quer descobrir as pinturas e esculturas do novo festival Stone Art.

Há casas salpicadas um pouco por todo o Codaçal, aldeia das Serras de Aire e Candeeiros. Mas neste lugar de Serro Ventoso, freguesia de Porto de Mós, estão quase todas inabitadas. “Quando me casei, há 53 anos, havia à volta de 80 pessoas aqui a viver”, recorda Zulmira Daurte, 77 anos, que pára de alimentar as vacas para nos falar. Ela é um dos seis habitantes do Codaçal, que entrou no mapa da arte pública pelos murais, graffitis e esculturas realizadas no final deste agosto num conjunto de pedreiras. Foi o festival Stone Art que levou até lá duas dezenas de artistas e o “efeito” já se sente.

“Ui, isto tem sido um movimento! Todos os dias há pessoal que vem ver, até motards já passaram por aqui”, admira-se João Pereira, que não é da aldeia mas trabalha nas máquinas das pedreiras. Habituada ao trânsito dos camiões e ao barulho da pedra a partir a metros de casa – “nem dou por ela” -, Maria Delminda Cordeiro também nota movimento. “Isto estava muito esquecido. Agora há muita gente a vir tirar fotografias”.

Ela ainda se lembra do primeiro camião chegar, em 1957, “Nem havia estrada, foram precisas quase tantas vacas e bois que havia aqui na zona para o puxarem até lá a cima! Mas a coisa resolveu-se”. A exploração do calcário começou há quase 70 anos, “não havia carteiro, nem luz, nem telefone, não tínhamos nada”. Agora há tudo isso, mas faltam pessoas. “Umas foram embora, a maior parte morreu”, desalenta-se Zulmira Duarte, indiferente às obras de Stone Art: “Não me fazem diferença”.

Já Maria Delminda tem uma preferida: a criança com o cabrito ao colo, que Asur pintou no Codaçal. João Pereira gosta dessa e da “senhora a partir pedra”, de Jorge Charrua. “São top”, diz o responsável pela manutenção, surpreso com tudo. “Não esperava que ficasse tão bom como está, numa pedreira, com pó, lama e terra… Fiquei espantado. Ficou muito porreiro”, diz João, há mais de 30 anos a trabalhar em pedreiras.

Também surpreendido ficou Carlos Cordeiro, presidente da Junta de Freguesia de Serro Ventoso, um dos promotores do evento, juntamente com o município e a Assimagra – Associação das Empresas Portuguesas de Recursos Minerais. “Tinha boas expectativas mas o resultado final superou-as. Até de Évora já veio gente ver!”.

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