Cerca de quatro centenas de pessoas juntaram-se esta tarde, junto às instalações do quartel dos bombeiros, em Cardosos, Leiria, numa manifestação silenciosa com o objetivo de demonstrar o “descontentamento da população” com a saída dos Bombeiros Voluntários, em solidariedade com os bombeiros que foram sujeitos a processo disciplinar e para exigir “direito ao socorro”.
Com mensagens afixadas nos portões das instalações – “Bombeiros justos pagam pelo pecador”, “Os bombeiros são voluntários não são escravos nem mercenários”, “Não é este o estado para o nosso quartel”, “Os bombeiros não foram embora, foram expulsos” – pessoas de todas as idades reuniram-se para manifestar o seu descontentamento pela saída dos bombeiros Voluntarios de Leiria, desde o dia 1 de outubro, e em particular pelo “castigo” a que foram sujeitos vários elementos voluntários residentes nas freguesias em redor.
Na origem do processo disciplinar, que teve reflexo junto de 22 elementos da corporação dos voluntários, está um pedido de renegociação dos valores propostos pelo comandante e a direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Leiria do pagamento referente ao Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais.
O pedido foi formalizado por um abaixo-assinado, no início do verão, mas a AHBVL não aceitou e decidiu avançar com um processo disciplinar por considerar que os elementos tinham desrespeitado as hierarquias. O REGIÃO DE LEIRIA sabe que, numa reunião, em junho passado, com comandante, direção da AHBVL e subscritores do documento, os bombeiros foram chamados de “mercenários” e “pouco solidários”.
Esta posição das hierarquias revoltou os subscritores do abaixo-assinado, que avançaram com pedido de passagem ao quadro de reserva.
No final de setembro, dos 22 elementos, quatro foram demitidos, o que impossibilita o novo ingresso em qualquer corpo de bombeiros, sete receberam suspensões entre 30 a 45 dias, período durante o qual não podem estar nas instalações do quartel nem usar o uniforme, e os restantes 11 tiveram uma repreensão por escrito.
Mesmo sem a decisão da AHBVL em sair dos Cardosos, a operacionalidade do quartel ficaria colocada em causa, já que 11 dos cerca de 30 elementos da 6ª companhia estavam impedidos de exercer funções nas próximas semanas.
Hoje, após a concentração nos Cardosos, os manifestantes seguiram em marcha lenta, de carro, até ao centro da cidade de Leiria, passando pelo quartel dos Sapadores e largo da República. Alguns veículos também passaram em frente ao quartel dos Bombeiros Voluntários de Leiria.