Um óbito, 358 novas infeções e 284 recuperações marcam o balanço da evolução epidemiológica da Covid-19 na região de Leiria na última semana.
Os dados reportados pelas autoridades locais de saúde indicam assim um subida do total de casos ativos que volta a ultrapassar o meio centena, cifrando-se esta sexta-feira em 569, mais 73 dos que o número apurado no passado dia 22.
Com 154 novos casos positivos e um óbito devido a complicações associadas à doença, o concelho de Leiria volta a destacar-se, registando à data de hoje 230 casos ativos.
Para esta subida, contribuiu um surto de Covid-19 no lar Nossa Senhora da Encarnação, da Santa Casa da Misericórdia de Leiria, que atingiu 39 utentes e dez funcionários. O caso foi detetado no domingo depois de um utente ter testado positivo no Hospital de Santo André, onde deu entrada devido a uma queda. Além deste doente, foi internado outro idoso também infetado com o novo coronavírus.
Os restantes casos confirmados distribuem-se por mais 14 concelhos da região, tendo Alcobaça registado 46, Ourém 45, Caldas da Rainha 34, Peniche 28, Marinha Grande 11 e Porto de Mós 10. Com menos de dez casos surgem Pombal (nove), Nazaré (sete), Óbidos e Pedrógão Grande (quatro cada), Ansião e Bombarral (dois cada), e Alvaiázere e Batalha (um cada). Apenas Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos não têm registo de novos casos.
Quanto às recuperações, o destaque vai esta semana para Caldas da Rainha onde foi dada “alta” a 88 pessoas que contraíram a infeção.
Seguem-se Leiria com 55 pessoas recuperadas, Alcobaça (28), Pombal (23), Marinha Grande (19), Peniche (15), Nazaré (12), Ourém (10), Batalha (nove), Óbidos e Porto de Mós (sete cada), Bombarral (quatro), Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande (três), e Ansião (uma).
Desde o início da pandemia, a região contabilizou 38.838 diagnósticos positivos ao SARS-CoV-2, tendo falecido 919 pessoas devido a complicações associadas à doença. Recuperaram entretanto 37.350 pessoas.
Os dados divulgados pelo REGIÃO DE LEIRIA referem-se aos 16 concelhos do distrito de Leiria e ao concelho de Ourém que, apesar de pertencer ao distrito de Santarém, mantém com Leiria grande proximidade e tem o Hospital de Santo André como hospital de referência.
Quanto à evolução epidemiológica da pandemia na área do Agrupamento de Centros de Saúde Pinhal Litoral (ACeS PL), não tem havido registo de surtos, sendo a situação mais relevante a detetada esta semana no lar da Misericórdia de Leiria. A Unidade de Saúde Pública (USP) tem sinalizado sobretudo casos pontuais e disseminados na comunidade, mas continua atenta e preocupada com o cumprimento das medidas de prevenção e a deteção precoce de novos casos, explica ao REGIÃO DE LEIRIA Rui Passadouro, delegado de Saúde.
Há precisamente um ano, no dia 29 de outubro, a região registava 541 casos ativos, 275 dos quais nos cinco concelhos do ACeS PL (Batalha, Leiria, Marinha Grande, Pombal e Porto de Mós). Dos atuais 569, 304 foram sinalizados nesta área, contribuindo Leiria com 230 (contra 146 há um ano).
Apesar do aumento, Rui Passadouro considera que a situação “não é tão grave”, resultado que atribui à eficácia da vacina e à elevada taxa de cobertura vacinal. “Temos que dar o mérito à vacina”, destaca.
OMS diz que situação da pandemia em Portugal prova a eficácia das vacinas
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considerou esta quinta-feira que o número de casos e mortes em Portugal demonstra a eficácia das vacinas contra a Covid-19, mas alertou que apenas a imunização “não é suficiente para acabar com a pandemia”.
“Portugal tem uma cobertura de vacinação muito elevada e o número de casos é muito mais baixo do que já foi ao longo desta pandemia. A taxa de mortalidade é também muito baixa, apesar de cada uma destas mortes ser trágica”, adiantou a responsável técnica da OMS para a pandemia numa conferência de imprensa.
Maria Van Kerkhove salientou que o objetivo principal das vacinas contra o vírus SARS-CoV-2 é prevenir casos graves de covid-19 e mortes, o que está a acontecer em países que registam altas taxas de vacinação.
“As vacinas contra a Covid-19 que estão a ser utilizadas são incrivelmente eficazes a prevenir hospitalizações e a necessidade de as pessoas terem de ir para unidades de cuidados intensivos e morrer. O que vemos em Portugal, assim como em muitos países, é isso a acontecer. Os dados suportam isso. São boas notícias”, afirmou a epidemiologista.
Apesar disso, Maria Van Kerkhove alertou que as “vacinas, por si só, não são suficientes para acabar a pandemia”, reiterando que a OMS continua a “aconselhar fortemente” a adoção de outras medidas, como o distanciamento, o uso de máscara e a ventilação de espaços interiores, como forma de evitar a disseminação de infeções.
“Temos várias ferramentas que estão disponíveis atualmente, que podem, não apenas salvar vidas, mas também reduzir a transmissão” do vírus, assegurou a responsável técnica da OMS, que admitiu que o número de infeções aumente na Europa com a chegada do inverno.
“A Europa tem visto um crescimento de casos nas últimas cinco semanas e um aumento de mortes nas últimas seis semanas”, disse Maria Van Kerkhove.
Também ontem, a ministra da Saúde deu conta de “um agravamento” da situação epidemiológica da pandemia de Covid-19 na última semana em Portugal, avançando que este cenário “era de alguma forma esperado” e acompanha a situação europeia.
Na conferência de imprensa realizada após o Conselho de Ministros, onde foi decidido prolongar a situação de alerta devido à pandemia até 30 de novembro, a governante avançou também que as estimativas e as análises de modelação epidemiológica realizadas pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge apontam para 1.300 casos confirmados no dia 7 de novembro, caso se mantenha o atual risco de transmissão.
A ministra precisou que, na última semana, a incidência cumulativa a 14 dias situava-se nos 94 casos por 100 mil habitantes, apesar de ser “uma incidência que está abaixo daquilo que é a média hoje registada nos países da União Europeia, que é de 235 casos por 100 mil habitantes”.
Segundo Marta Temido, esta incidência tem vindo a aumentar “em linha com o risco de transmissão efetivo que está acima de um há 16 dias e que situa agora em 1,08”.
Com Lusa