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Saúde

Médicos do Centro pedem ao Ministério da Saúde solução para urgências do hospital de Leiria

Profissionais consideram “inconcebível que num hospital desta dimensão os doentes estejam a ser desviados para outros hospitais”.

foto de uma ambulância à entrada do hospital de leiria

A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (OM) alertou hoje para a “situação grave” do hospital de Leiria, devido à falta de médicos no Serviço de Urgência, e pediu ao Ministério da Saúde a “resolução imediata do problema”.

“Não há médicos suficientes para fazer face ao aumento importante de doentes que acorrem atualmente a este serviço. Este não é um problema que surgiu hoje, já há vários anos que a Ordem dos Médicos tem tido várias intervenções a denunciar a gravíssima carência de recursos humanos deste hospital”, afirmou o presidente da Secção Regional do Centro da OM, Carlos Cortes, citado num comunicado.

Para Carlos Cortes, trata-se de “uma consequência das más decisões do passado”, agora agravadas.

O dirigente adiantou que esta secção tem levado a cabo diversas iniciativas, junto da administração do Centro Hospitalar de Leiria (CHL), que integra aquele hospital e o de Alcobaça e de Pombal, “alertando para a situação incomportável” na unidade de Leiria.

Segundo a Secção Regional, a carência de médicos no Serviço de Urgência regista-se nas “áreas da ortopedia, cirurgia, medicina interna e área generalista”, tendo recebido informação de que hoje “os doentes de trauma não estão a ser encaminhados” para a Urgência do hospital de Leiria.

Em 10 de setembro, Carlos Cortes disse à agência Lusa que iria “desencadear, com carácter de urgência, uma avaliação técnica às condições de prestação de cuidados de saúde” neste serviço do hospital de Leiria.

Hoje, Carlos Cortes adiantou que essa avaliação técnica vai ser feita na próxima semana, tendo desenvolvido neste período uma série de contactos, da administração à tutela, nos quais explicou o “momento alarmante” que o hospital está a atravessar, “mas, lamentavelmente, a situação não foi resolvida”.

O presidente da Secção Regional do Centro esclareceu que na avaliação técnica “estarão envolvidos os vários colégios da especialidade da Ordem”, tendo sido pedido para que fossem recebidos pelos diretores clínicos, da Urgência e de outros serviços do hospital.

No comunicado, Carlos Cortes prometeu ainda que a Ordem “será intransigente na qualidade do serviço que tem de ser prestado aos doentes”, classificando como “incomportável a sobrecarga de trabalho que está a ser colocada sobre os profissionais com escalas de urgência”.

O responsável considerou ainda que é “inconcebível que num hospital desta dimensão e desta diferenciação os doentes estejam a ser desviados para outros hospitais”.

Numa informação enviada à Lusa, o CHL confirmou que hoje “não foi possível preencher a escala de urgência de Ortopedia entre as 9 e as 20 horas”.

“Estão ortopedistas a trabalhar no hospital no internamento para apoio aos doentes internados. O pequeno e grande trauma são encaminhados para outras unidades de saúde da região, e o CHL está, inclusivamente, articulado com o seu hospital de referência, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra”, acrescentou, referindo que esta situação foi comunicada ao Instituto Nacional de Emergência Médica e ao Centro de Orientação de Doentes Urgentes.

No dia 17 de setembro, o CHL anunciou o aumento do valor a pagar aos médicos generalistas para exercício de funções no serviço de Urgência Geral do hospital de Leiria, uma das medidas para “resolver as dificuldades sentidas” neste serviço que “tem registado uma forte afluência de utentes”.

Então, o CHL considerava que este excesso de procura refletia a falta de resposta dos centros de saúde da região e o aumento do número de casos covid-19 na sua área de influência.

Na ocasião, o CHL destacou que continuava a verificar-se “um número elevado de atendimentos com a cor verde e azul (de acordo com a Triagem de Manchester correspondem a doentes pouco urgentes e não urgentes)”.

Salientando que “a ausência de alternativas para os utentes tem condicionado o funcionamento” da Urgência, o CHL reconheceu que a esta situação se soma “a efetiva e conhecida situação de escassez de recursos humanos e, em particular, de pessoal médico”.

“No concurso para médicos de várias especialidades, lançado em julho, para 36 vagas, até agora só foi possível ocupar 19 vagas”, lembrou naquela data o CHL, sustentando que à “dificuldade assumida das empresas externas em contratar médicos generalistas” para esta Urgência acrescia “o cansaço manifestado pelos internistas, cirurgiões e ortopedistas que, a par dos generalistas, asseguram” aquele serviço 24 sobre 24 horas, em regime presencial, todo o ano.


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