A direção dos bombeiros da Nazaré esclareceu esta terça-feira não ter conhecimento de qualquer incompatibilidade entre este órgão e o anterior comandante, João Estrelinha, que abandonou o cargo há um mês.
Depois de o ex-comandante ter renunciado ao cargo, alegando “incompatibilidades com a direção” da Associação Humanitária dos Bombeiros da Nazaré, este órgão adiantou hoje nunca ter sido informado sobre as alegadas divergências na base da demissão.
Num esclarecimento dirigido aos sócios, a direção afirma que João Estrelinha já tinha comunicado, em 30 dezembro de 2020, “que pretendia tratar da situação do comando junto da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, durante o 1º trimestre do ano 2021”, manifestando na altura “algum cansaço, desânimo e falta de apoio por [parte de] alguns bombeiros”.
Porém, segundo a direção da associação, “nessa missiva não existe qualquer referência à alegada ‘incompatibilidade’ com os atuais órgãos sociais”.
Posteriormente, em 30 de junho e 9 de julho deste ano, “foram enviadas outras missivas com similar teor, porém, igualmente, sem qualquer referência às invocadas ‘incompatibilidades’ com a direção”, acrescenta o esclarecimento.
João Estrelinha, que cessou funções no cargo em 31 de outubro, afirmou na altura, em comunicado, que a renúncia era “fruto de algumas incompatibilidades verificadas entre a atual direção e o cargo de comandante”, nomeadamente “diferentes metodologias e objetivos referentes à prossecução do desenvolvimento” da associação.
Depois de em junho ter manifestado a intenção de abandonar o comando da corporação, João Estrelinha acedeu, a pedido da direção, em manter-se em funções até ao final da época de incêndios, que terminou no dia 31 de outubro.
No comunicado, o ex-comandante disse considerar ser “altura de sair de funções e deixar quem de direito aplicar, livremente, o que entende como necessário e adequado para a associação”, para a qual sublinhou ter querido sempre “mais e melhor”.
No esclarecimento aos sócios, o presidente da direção, Joaquim Morais, informa ainda que após a saída de Estrelinha o cargo foi interinamente entregue ao adjunto de comando Ricardo Rebelo, atualmente a exercer as funções de comandante em regime de substituição.
A direção reconhece no esclarecimento que “as possibilidades da coletividade são finitas, contrariamente às suas infinitas necessidades e desejo de salvaguardar a população”, mas garante ter procurado “incrementar e melhorar, de acordo com os respetivos recursos – que são limitados –, as condições de trabalho” de todos os funcionários da instituição, bem como “de todos aqueles que, de forma voluntária ou não, colaboram na hercúlea missão de prestar socorro à população com a brevidade, qualidade e responsabilidade que se exige numa situação de emergência”.
Joaquim Morais deixa ainda a garantia de que os Bombeiros Voluntários da Nazaré “continuam a prestar o devido e exigível serviço de auxílio à população, em prol do interesse público”, e lembra tratar-se de uma associação sem fins lucrativos, “cujos propósitos estão devidamente plasmados nos seus estatutos”.
Pela associação, com 94 anos, passaram já “muitos presidentes, comandantes, bombeiros e diretores que prestaram um serviço público ao país e à Nazaré”, sublinha a direção, expressando a convicção de que a associação “é muito maior do que as pessoas que por ela passam”.
João Estrelinha esteve ligado à associação com funções de comando durante 19 anos, dez dos quais como comandante da corporação.
A direção da associação, que se encontra em final de mandato, tem eleições marcadas para o próximo mês de dezembro, encontrando-se a decorrer o prazo para entrega de listas candidatas aos órgãos sociais.