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Indústria de moldes da região garante metade dos projetos de investimento e exportações

A Semana de Moldes, que começa segunda-feira na Marinha Grande, analisa os temas complexos que afetam o sector, que vão desde a concorrência “injusta” até ao preço das matérias-primas.

A indústria da região de Leiria representa mais de metade das exportações de moldes metálicos e dos investimentos aprovados para o sector no programa Portugal 2020, financiado com fundos comunitários.

Apesar da complexidade dos desafios que enfrenta, em debate na Semana de Moldes, que começa segunda-feira, dia 22, há alguns sinais de retoma, embora ainda lenta.

Um dos sinais é-nos dado pelo comércio internacional. As exportações de moldes metálicos apresentam um ligeiro crescimento (+0,4%) de janeiro a setembro, em comparação com o período homólogo do ano passado, segundo o Instituto Nacional de Estatística.

O distrito de Leiria liderou as vendas no exterior, atingindo os 161,5 milhões de euros, ou seja, 54,2% do total nacional, que foi de 297,8 milhões. Na segunda posição surge Aveiro, com 111,2 milhões, à frente de Braga, com 11,4 milhões.

No caso das importações, os dois principais distritos estão mais equilibrados, apresentando valores na casa dos 20 milhões de euros, enquanto Braga se fica pelos 1,4 milhões. As importações totais ascenderam a 53,6 milhões, no período de janeiro a setembro.

A liderança da indústria da região na aprovação de projetos de investimento é também relevante. Segundo os dados fornecidos pela Agência para o Desenvolvimento e Coesão (AD&C), referentes a 30 de junho, representa mais de metade (52,2%) do valor nacional. As empresas conseguiram captar 246 milhões de euros (136,4 milhões de fundos comunitários), à frente do conjunto Região de Aveiro + Área Metropolitana do Porto, que garantiram 151,3 milhões (76,8 milhões de fundos).

O sector viu serem-lhe aprovados a nível nacional 440 projetos, no valor de 471,1 milhões de euros, que incluem um incentivo europeu de 260,7 milhões. Entre os 27 concelhos que fabricam moldes metálicos, seis são do distrito de Leiria e a maior parte ocupa lugares cimeiros. A Marinha Grande é o município que mais investiu, 104 milhões de euros.

Semana de debate

Mas, a Semana de Moldes, que decorre na Marinha Grande, foca-se num conjunto de temas mais vasto que o investimento e o comércio internacional. Durante seis dias, há workshops, apresentações de projetos de Investigação, Desenvolvimento e Tecnologia (ID&T) e seminários técnicos, com a participação de oradores nacionais e internacionais. Este ano desenvolve-se em formato misto, com sessões online e presenciais.

A instabilidade e a complexidade dos problemas que afetam a indústria mundial de moldes é um dos temas do evento. “O impacto da pandemia agravou a situação, evidenciando os constrangimentos que já se faziam sentir ao nível da instabilidade económica, nomeadamente na indefinição dos novos conceitos de mobilidade, na concorrência, em quebras significativas de preços de venda ou na rigidez das exigências contratuais apresentadas pelos clientes”, refere o presidente da Associação Nacional da Indústria de Moldes (Cefamol), João Faustino.

10

O REGIÃO DE LEIRIA distribui uma “Edição Extra – Semana de Moldes”, à semelhança de anos anteriores, na véspera do evento, junto da indústria do sector, nas regiões de Leiria e Oliveira de Azeméis. Além de outros trabalhos, inclui 10 artigos de opinião e análise de protagonistas da indústria, que são um retrato do momento que atravessa

“O decréscimo significativo no lançamento de novos projetos – sobretudo, na indústria automóvel – ao longo dos últimos dois anos, e que, possivelmente, se estenderá por mais algum tempo, trouxe também uma significativa redução de encomendas e necessidades acrescidas de financiamento e capitalização para suportar o impacto nas organizações”, adianta João Faustino, num artigo na “Edição Extra – Semana de Moldes”, que o REGIÃO DE LEIRIA distribui junto na indústria na véspera do evento.

Retoma ainda lenta

“Neste período de lenta retoma”, refere o presidente da Cefamol, “são grandes os desafios que o sector enfrenta e em que a angariação de encomendas é vital, pelo que deve existir a garantia de instrumentos para reforço da capacidade de financiamento e capitalização das empresas, domínio em que o apoio do Governo e instituições oficiais, incluindo o Banco de Fomento, serão fundamentais”.

O presidente do Centro Tecnológico da Indústria de Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos (Centimfe), Nuno Silva, realça, também em artigo na “Edição Extra – Semana de Moldes”, que a indústria vive tempos desafiantes, fruto do processo de globalização vigente, onde não há equidade nas condições de desenvolvimento dos negócios, especialmente no espaço europeu onde convivemos com organizações de outros mercados com fatores de competitividade diferentes e que divergem substancialmente dos nossos”.

“Hoje os principais mercados (automóvel, aeronáutica, saúde, etc) estão blindados e condicionados por organizações supranacionais, que naturalmente, apresentam lógicas de desenvolvimento baseadas no poder económico, na restrição de acesso, e em geral num modelo “non-fair”, que prejudica os elos mais fracos das suas cadeias de valor. Impõe-se por isso, uma ação veemente da indústria europeia, procurando maior equidade no espaço europeu, entre indústrias europeias e não europeias”, conclui.

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