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Leiria

“Plano de voo” da Base Aérea de Monte Real é reduzir ao máximo pegada carbónica em terra

Cerca de 20% da energia que é consumida na BA5 provém dos 550 painéis fotovoltaicos. Ao fim de um ano, representou uma poupança de CO2 equivalente a 200 toneladas, cerca de 50 mil euros na fatura de energia elétrica.

Sempre que um avião F-16 levanta voo, a libertação de gases é elevada, pelo que a Base Aérea n.º 5 (BA5), em Monte Real, tenta compensar a poluição com ações para reduzir a pegada carbónica em terra.

Assente num plano estratégico de sustentabilidade ambiental, o “plano de voo” da BA5 é alcançar a neutralidade carbónica, assumiu à agência Lusa o responsável pelo ambiente da unidade de Leiria, Filipe Delgado.

“Assumimos que esta unidade em específico, mas a Força Aérea [FA] na sua generalidade, tem uma fatura ambiental bastante pesada, fruto da sua missão na defesa da independência nacional. Acabamos por ter interações menos positivas com o ambiente, grande parte delas associadas à emissão de gases com efeito estufa. Assumindo que isso é algo que não conseguimos alterar e, para já, tentamos equilibrar as contas”, garantiu o tenente.

Para Filipe Delgado, se a BA5 garantir a redução de todos os consumos e gestão de resíduos que dão suporte à missão, estará “de facto a defender o ambiente desta forma”.

A “sementinha” da preocupação com o ambiente surgiu em 2010, quando a BA5 iniciou o processo de certificação da unidade ao regulamento europeu EMAS – Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria, tendo sido a primeira da Europa a conseguir a distinção.

Com várias medidas adotadas na “mini-cidade” da BA5, os ganhos a nível ambiental e financeiro têm-se revelado “satisfatórios”. A reciclagem já faz parte do ADN de todos. Em cada hangar ou serviço há contentores de ecoponto e também para resíduos perigosos.

“Mais de 70% dos nossos resíduos estão tipificados como perigosos e conseguimos garantir a valorização de cerca de 60 a 65% dos resíduos que produzimos. Damos primazia a processos em que se consiga retirar algum valor destes resíduos, seja para produzir energia ou outros materiais”, informou Filipe Delgado, exemplificado com os óleos e misturas de combustível, que “geram hidrocarbonetos”.

Cerca de 20% da energia que é consumida na BA5 provém dos 550 painéis fotovoltaicos, que têm uma potência de 200 quilowatts instalada, investimento que foi possível com a verba da alienação de aeronaves à Roménia.

“Ao fim de um ano, tivemos uma poupança de CO2 equivalente a 200 toneladas. Ao nível financeiro, poupámos já cerca de 50 mil euros na fatura de energia elétrica. Se conseguirmos implementar isto de uma forma transversal em toda a FA, a longo prazo, o nosso saldo em termos de emissões acabará por ser tão positivo que poderá até absorver o impacto das aeronaves”, realçou Filipe Delgado.

Na BA5 passou a aproveitar-se a água da chuva para limpeza dos canis e travou-se um combate às fugas, “um problema transversal ao país”, dada a canalização obsoleta. Entre 2017 e 2019, verificou-se uma redução de 50% no consumo da água.

“Começámos com medidas mais pequenas e de efeito quase imediato. Fizemos a transição para luminária LED e alterámos a gestão energética da iluminação setorial dos nossos hangares. Por exemplo, se um militar estiver a trabalhar numa aeronave, não é necessário ligar as luzes de todo o hangar. Entre 2010 e 2017/2018, conseguimos reduções na ordem dos 10% de toda a iluminação da unidade”, revelou o militar, formado em engenharia ambiental.

O investimento numa central de vapor nova, a colocação de cinco postos de carregamento elétrico, o uso de panos reutilizáveis e uma monitorização constante da poluição produzida em terra são outras das ações realizadas, que trouxeram benefícios no impacto ambiental e financeiro.

Ainda sem veículos elétricos militares, essa é uma aspiração da BA5, que acredita poder vir a adquirir alguns no âmbito da transição energética. “Já estamos a estudar outras soluções, como a utilização de biocombustíveis que conseguem reduzir cerca de 85/86% das emissões geradas nas viaturas terrestres”, admitiu.

Com uma área florestal de centenas de hectares, a gestão florestal é também uma medida para alcançar a neutralidade carbónica. Além do trabalho ao nível da limpeza e regeneração da estrutura arbórea, a BA5 tem também procedido à plantação de mais árvores, que irá contribuir para o “sequestro de carbono”.

“A floresta acaba por nos dar outros benefícios ao nível da regulação do ciclo hidrológico, o abrigo e a proteção de outras espécies para promover e manter a biodiversidade local, e a regulação da temperatura. Estando perto de uma zona costeira até nos serve de barreira e proteção de ventos fortes”, constatou.


Secção de comentários

  • Joao disse:

    Seria interessante, ainda que não seja realista, acabarem com as forças militares, desta forma seria possível acabar com a poluição ambiental criada, e reduzir as perdas financeiras do povo português e europeu, que em caso de guerra real rapidamente se irá revelar como um péssimo investimento, e em tempo de paz é um total desperdício de recursos financeiros.
    Seria melhor a polícia ter melhores meios e muito mais pessoal (melhor qualificado), pois é deles que a população precisa no dia a dia. E com o dinheiro que se poupava com a ausência se forças militares, também pagar um bocado melhor a estes trabalhadores que acabam por levar com todo o esterco da sociedade dia após dia.

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