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Prejuízos da horticultura da região Oeste já ultrapassam os 20% e tendem a crescer

O sector fatura 500 milhões de euros e emprega entre sete a oito mil trabalhadores quer nas explorações agrícolas, quer nas centrais de processamento e transformação dos produtos

A Simples & Frescas é uma das empresas do Oeste afetadas pelo aumento dos custos dos fatores de produção

O aumento generalizado de preços, sobretudo da energia e dos combustíveis, está a afetar a horticultura da região Oeste, que inclui os concelhos de Alcobaça, Bombarral, Caldas da Rainha, Nazaré, Óbidos e Peniche, de onde sai grande parte da produção nacional, com os agricultores a ponderarem reduzir ou mesmo abandonar as áreas de cultivo.

“O adubo está a aumentar cerca de 50, 60%, o combustível também está bastante mais caro desde o início do ano e estamos a vender os produtos hortícolas ao mesmo preço dos outros anos e cada vez está a ser mais difícil”, queixa-se António José Simões.

A ponderar reduzir a área de cultivo em 40 a 50% para o próximo ano e substituir as produções de batata e couves por cereais, este agricultor pensa mesmo em parar a atividade a médio prazo.

“Se se parasse, ainda se ficava estável e, se continuarmos assim, acabamos por gastar tudo e pior ficamos”, teme.

As dificuldades sentem-se também nas centrais hortofrutícolas.

“Se os preços continuarem a subir assim nos combustíveis, nos adubos, nos inseticidas, na mão-de-obra, em tudo o que é material para embalar os produtos, na eletricidade, fico preocupado com esta situação”, afirma João Pedro Fernandes, gerente da empresa Simples & Frescas.

“Estamos a ficar com as margens um pouco esmagadas. Não conseguimos ter lucros a entrar e os 20 produtores que trabalham connosco não estão a receber o justo valor e não estamos a conseguir dar a volta”, acrescenta o empresário, que equaciona pedir aos agricultores associados para produzirem menos no próximo ano, mantendo-se a tendência dos preços dos custos de produção.

A Associação Interprofissional de Horticultura do Oeste (AIHO) estima que os prejuízos no setor já ultrapassam os 20% e tendem a crescer.

“Temo que haja abandono ou redução das áreas produtivas, porque têm de gerar receita ao fim do mês ou do ano, para conseguir pagar as despesas e ter algum lucro, porque é para isso que as pessoas trabalham, mas neste momento já nem estamos a falar de lucros, estamos a falar de não perder dinheiro”, sublinha Sérgio Ferreira, presidente da AIHO.

Segundo o dirigente, a crise energética “está a criar um impacto fortíssimo no custo dos fatores de produção”, com “aumentos enormes nos adubos na ordem dos 40 e 50%”, nos combustíveis e nos produtos fitofarmacêuticos, que sobem todas as semanas.

Ao contrário do que acontece, defende que “estes aumentos vão ter de se fazer sentir no produto final, senão os agricultores têm de parar”.

No setor, há agricultores a começar a reduzir as aquisições de produtos, no arranque de mais uma campanha, diz o também secretário-geral da Louricoop, cooperativa agrícola que começa a “fazer compras conforme as necessidades” da produção e se vê confrontada com falta de ‘stocks’ por fecho de fábricas até ao final deste ano, devido à crise energética.

O sector fatura cerca de 500 milhões de euros e emprega entre sete a oito mil trabalhadores quer nas explorações agrícolas, quer nas centrais de processamento e transformação dos produtos, estima a AIHO.

A região Oeste é composta pelos concelhos de Alcobaça, Bombarral, Caldas da Rainha, Nazaré, Óbidos e Peniche, do distrito de Leiria, e por Alenquer, Arruda dos Vinhos, Cadaval, Lourinhã, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras, do distrito de Lisboa.

Flávia Calçada (Texto)

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