Perto de 150 peças produzidas na IVIMA estão reunidas numa exposição no Museu do Vidro, na Marinha Grande, onde se conta a história de uma das mais importantes empresas vidreiras nacionais.
“O vidro na Marinha Grande: Histórias da IVIMA” recorda o percurso e a produção de uma das principais empresas do setor na segunda metade do século XX, onde nasceram alguns dos mais famosos vidros utilitários e decorativos do país.
IVIMA é “nome maior no panorama vidreiro nacional”, realçou o comissário da exposição, Pedro Moura Carvalho, classificando-a como “referência incontornável nas chamadas artes da mesa e nas artes aplicadas em Portugal”.
“É uma ínfima parte deste riquíssimo património que aqui se procura mostrar pela primeira vez, identificando alguns dos intervenientes, reconhecidos artistas plásticos, e homenageando os quase sempre anónimos mestres vidreiros que o realizaram”, afirmou o historiador de arte.
A partir de peças do próprio Pedro Moura Carvalho e também das coleções de Virgílio Guerra Marques e Fernando Gregório, “O vidro na Marinha Grande: Histórias da IVIMA” dá a conhecer muitos desses objetos produzidos na fábrica da Marinha Grande e que, “com ou sem consciência”, muitos portugueses têm em casa.
Fundada em 1955, a IVIMA nasceu da aposta da Vista Alegre e de um grupo investidores, após a aquisição do capital da Fábrica Nova à Companhia Industrial Portuguesa, “uma das joias da coroa da antiga Companhia da Nacional e Nova Fábricas de Vidro da Marinha Grande, uma empresa fundada em 1896”.
A aposta num novo diretor artístico, Ascenso Belmonte, “um homem com uma visão extraordinária”, revelou-se certeira: o designer moderniza toda a produção utilitária e artística e “faz algumas das peças mais extraordinárias de vidro que existem no país – e que ainda hoje são moderníssimas”, sublinhou o comissário.
Famosos ficaram, por exemplo, os copos de vidro, “de inspiração vitoriana”, que a IVIMA recriou em várias cores: “Ainda hoje são exportados para todo o mundo”.
Como em tantas outras grandes empresas, “a história da IVIMA é composta por múltiplas histórias”, contadas nesta exposição inédita no Museu do Vidro.
“O museu já existe há 23 anos mas nunca tinha feito uma exposição sobre uma marca propriamente dita”, também, sobretudo, pela dificuldade em encontrar fontes, lamentou Pedro Moura Carvalho.
“Infelizmente, não há arquivos nem catálogos” e “raramente ou quase nunca as peças estão marcadas, o que traz dificuldades”, admitiu.
Mas, destacou, “aquilo que os lisboetas ou os portuenses conhecem como peças do famoso Depósito da Marinha Grande, grande parte são efetivamente da IVIMA”, que fechou em 1999.
“Esta exposição é uma forma de descobrir mais sobre essas peças e descobrir novos nomes”, concluiu.
A exposição “O vidro na Marinha Grande: Histórias da IVIMA” fica patente até outubro de 2022 e integra a programação do 23.º aniversário do Museu do Vidro que, para festejar a efeméride, tem entradas livres até domingo.