A Assembleia Municipal de Torres Vedras aprovou por unanimidade, na terça-feira, uma moção de repúdio à posição do presidente da câmara das Caldas da Rainha de defender a construção do novo hospital da região no seu concelho.
Os deputados municipais de Torres Vedras “repudiaram a iniciativa individual do presidente da Câmara das Caldas da Rainha de pressionar a ministra da Saúde, utilizando argumentos subjetivos que não colhem qualquer tipo de veracidade e muito menos justificados pela realidade”, lê-se na moção.
A Assembleia Municipal “reconheceu a importância do estudo que está a ser desenvolvido” e frisou que vai “respeitar as suas conclusões” quanto ao perfil assistencial e a localização “num ponto central”, tendo em conta a população servida da nova unidade hospitalar, e “aceitar os resultados do estudo”.
Os deputados municipais sublinharam a importância do estudo, tendo em conta a necessidade de construção de um novo hospital na região, e a sua conclusão até ao final de 2022.
“Ao longo de muitos anos têm sido muitos os defensores desta infraestrutura, mas que têm encontrado no bairrismo e intransigência de alguns, sobre a sua localização, a justificação para que nada aconteça”, é dito na moção.
A Assembleia Municipal defendeu que “os argumentos aduzidos pelo presidente da Câmara das Caldas da Rainha revelam uma completa e total falta de conhecimento sobre a realidade demográfica, assistencial e territorial do Oeste e em particular sobre o concelho de Torres Vedras”.
Os deputados torrienses criticaram a “agenda política pessoal” do autarca caldense, Vítor Marques, ao arrepio da posições e iniciativas assumidas da Comunidade Intermunicipal do Oeste, considerando que “os oestinos e em particular a população de Torres Vedras não se reveem nem podem aceitar que, mais uma vez, alguns, por interesses particulares, coloquem em causa o interesse coletivo”.
A 11 de novembro, uma comitiva de autarcas de Caldas da Rainha, liderada por Vítor Marques, reuniu-se com a ministra da Saúde, Marte Temido.
“Sobre a localização do novo hospital para a região Oeste, foi sublinhado pelos autarcas que Caldas detém todas as condições para acolher esta infraestrutura, pela centralidade e pelas condições que a cidade tem para receber e fixar os profissionais de saúde (médicos e enfermeiros) que venham a ser contratados”, referiu a Câmara das Caldas da Rainha na ocasião.
Segundo a nota, “a opção pelas Caldas estenderia ainda a área de abrangência a praticamente toda a região Oeste (Torres Vedras, Mafra, Cadaval, Lourinhã, Bombarral, Óbidos, Peniche, Caldas, Nazaré e Alcobaça) e até a outros concelhos, como Rio Maior”.
Para os autarcas caldenses, “se a localização for a sul das Caldas, a abrangência territorial far-se-á sobretudo numa região com maior oferta, dada a proximidade do hospital de Loures, deixando a região a norte, nomeadamente Caldas da Rainha, numa situação comparativamente desfavorável”.
“Sendo Caldas o polo que, por razões geográficas, mais necessita de uma urgência médico-cirúrgica corretamente dimensionada, a melhor solução para os cuidados hospitalares seria a conjugação de um único hospital (nas Caldas da Rainha), complementado com clínicas de ambulatório noutros locais, por exemplo, Nazaré, Peniche e Torres Vedras”, é defendido na mesma nota.
O Centro Hospitalar do Oeste integra os hospitais de Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche, tendo uma área de influência constituída pelas populações dos concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Bombarral, Torres Vedras, Cadaval e Lourinhã e de parte dos concelhos de Alcobaça e de Mafra. Estes concelhos dividem-se entre os distritos de Lisboa e Leiria.