O domingo cinzento foi temperado com entusiasmo na Torre da Magueixa – ou Torre, como é hoje conhecida a aldeia do concelho da Batalha. O motivo? A Aldeia Pintada, assim batizada pelas coloridas e bem-dispostas obras de arte espalhadas pelas paredes, concretizou mais um sonho: gravar um disco com cantigas de antigamente. À saída da missa, o CD “O lugarinho da Torre” foi distribuído pela comunidade, cumprindo mais uma etapa do projeto com que cinco jovens querem dar vida à Torre.
Maria Lino, 71 anos, ali nascida e criada, segurava três discos: “Um é para os meus netos, outro para as minhas netas e um fica para mim!”, disse, radiante com o resultado de meses de trabalho. Ela foi uma das vozes que se juntou para cantar, gravar e recuperar modas típicas do trabalho e dos bailaricos.
“Estou feliz. Nunca se pensou fazer uma coisa destas na Torre!”, exclamou Maria Lino enquanto apontava, agradecida, para os responsáveis pela edição. “Se não fossem estes rapazes e raparigas…”.
Maria cantava quando vinha da azeitona, mas quem popularizou estas músicas foram as resineiras. Conceição Marcelino, a São, era uma delas. Domingo, recordou esses tempos: “Antigamente cantávamos de manhã à noite. O trabalho era pesado mas alegre”.
Quando regressavam da labuta, já sol-posto, anunciavam-se com canções, enquanto batiam pedras umas nas outras. “Era um espetáculo. As pessoas saíam de casa para nos ouvir!”. Ambas agradecem a recordação desses tempos e a emoção de registá-los em disco. “Foi uma maravilha”, sintetizou São, 75 anos, uma das cinco resineiras que se ouvem nas gravações.
Artigo exclusivo para os nossos assinantes
Tenha acesso ilimitado a todos os conteúdos do site e à edição semanal em formato digital.
Se já é assinante, entre com a sua conta. Entrar