O projeto Supera@Solidão da Associação de Solidariedade Social de Marrazes (AMITEI), em Leiria, prevê ajudar a combater o isolamento de 50 idosos que estão no domicílio.
Candidatado ao programa Parcerias Para o Impacto do Portugal Inovação Social, o projeto prevê o acompanhamento de 50 idosos da União de Freguesias de Marrazes e Barosa, em Leiria, “minimizando o sentimento de solidão em 25%”, adiantou à agência Lusa o coordenador do Supera@Solidão, Miguel Mesquita.
“Temos vários eixos que queremos colmatar, como na área da enfermagem, a questão da polimedicação e a monitorização da saúde. Não queremos substituir-nos ao Serviço Nacional de Saúde, mas pretendemos ajudar. Vamos trabalhar a prevenção de quedas e a eliminação das barreiras arquitetónicas, e proporcionar um ambiente acolhedor, de pensamentos positivos e de bem-estar”, afirmou Miguel Mesquita.
Segundo o coordenador e técnico superior de animação sociocultural da AMITEI, o projeto pretende ainda “capacitar o idoso para que crie autonomia”, dando-lhe “pequenos ensinamentos a ele e a um eventual cuidador”.
“Notamos que há muitos idosos completamente sozinhos, mas ainda têm capacidade para a aprendizagem”, sublinhou.
Uma fisioterapeuta irá intervir com “atividades de motricidade adaptadas à condição física e vigia do seu estado mental e físico”.
“Temos de promover a inclusão social através da rotina. Queremos que o idoso tenha dois a três contactos semanais, que sejam 100% realizados no domicílio e que criem esta rotina, tanto do fisioterapeuta, como da enfermagem, do animador e do gerontólogo”, explicou.
Além da equipa técnica multidisciplinar, o projeto conta com os voluntários que já integram outros programas da AMITEI, que irão colaborar no Supera@Solidão, nomeadamente com “Contos de orelha a orelha”, através do qual se contam histórias ao telefone.
“É uma forma de conversar com as pessoas”, admitiu ainda Miguel Mesquita.
O Supera@Solidão irá também proporcionar videochamadas dos idosos com familiares através de um ‘tablet’, criando alguma literacia digital.
“Vamos ter uma linha telefónica de atendimento, que vai funcionar das 9 às zero horas. Sabemos que, sobretudo, a partir do momento que começa a anoitecer, sejam idosos ou ativas, as pessoas sentem-se mais perdidas e podem ter necessidade de falar”, explicou.
Miguel Mesquita sublinhou que este projeto contempla uma “intervenção diferente”, que trabalha o idoso como um ser único, desenvolvendo as ações de acordo com a pessoa.
“Será 100% ao domicílio, pois pretendemos levar os serviços à pessoa para que ela possa ficar o mais tempo possível no seu domicílio, prevenindo, de alguma forma, a institucionalização”, revelou o coordenador, que também afirmou que o projeto pretende “criar redes e parcerias”, inclusive com os vizinhos, “para que o idoso se sinta acompanhado”.
Lançado há cerca de uma semana, o Supera@Solidão já conta com 14 idosos.
Com uma duração que pode chegar aos 15 meses, o projeto tem 70% de financiamento do Portugal Inovação Social e os restantes 30% são suportados por investidores sociais, “empresas locais que se identificaram com o projeto e que dão uma verba”.