A surpresa tomou conta da SAMP e também da família de Margarida Korrodi (1931-2021) quando se soube da vontade expressa da pianista: queria deixar à instituição o piano e o espólio musical que colecionou ao longo da vida.
Terça-feira, 18 de janeiro, dia de aniversário da antiga professora, a SAMP agradeceu e lembrou o percurso e a relevância de Margarida Korrodi, numa cerimónia que serviu para oficializar, com recital, o batismo da segunda maior sala da sede da escola nos Pousos, onde agora mora o piano herdado.
Nele foi tocado um programa especial, relacionado com as preferências e percurso da pianista, bem como uma obra escrita pela própria Margarida Korrodi, que somava uma década enquanto sócia honorária da SAMP.
“Tentámos recriar [na sala] o ambiente lá de casa, com o espólio doado”, explicou o diretor musical e pedagógico da SAMP, Alberto Roque, salientando a futura utilização do piano:
“Era muito importante este maravilhoso objeto doado pela professora Margarida manter-se em atividade – como ela tanto queria. O auditório [Barão de Viamonte] tem um piano, mas nem sempre os alunos têm possibilidade de tocar nele, porque a atividade da escola não o permite. Este piano vai permitir esse privilégio: que jovens possam usufruir de um piano maravilhoso e fazer música com alguns colegas”.
Paulo Lameiro, professor e conselheiro da SAMP, realçou ao REGIÃO DE LEIRIA a importância da pianista:
“Queremos hoje assinalar a importância deste instrumento e de Margarida Korrodi, que é exemplo de uma mulher que lutou muito para terminar um curso superior de piano, o que era muito difícil naquele contexto [em que viveu]. Foi um exemplo extraordinário, tendo passado por várias funções enquanto professora de várias gerações de leirienses”.
Lameiro recordou ainda que Margarida Korrodi “era a última pessoa viva que testemunhou os grandes momentos musicais da cidade de Leiria do século passado”.
“A [Leiria] Cidade Criativa da Música não acontece por acaso. Há muitas pessoas a trabalhar para isso e ela é um exemplo disso”, concluiu.
Na sala inaugurada terça-feira, estão, após inventariação, o espólio composto por partituras, cadernos de apontamentos, notas musicais pessoais, vinis e uma fotografia da pianista, além, claro, do piano.