Vários esqueletos humanos foram encontrados durante os trabalhos arqueológicos realizados na intervenção privada que decorre na rua das Olarias, para construção e ampliação de um conjunto de edifícios e criação de um estacionamento coletivo subterrâneo.
A zona é de “sensibilidade arqueológica”, destaca o município de Leiria, tendo os trabalhos revelado “vestígios osteológicos humanos, incluindo sepulturas e ossários”, além de “abundante quantidade de cerâmica”, testemunha da atividade oleira naquele lugar, “em época medieval e mais provavelmente em época moderna” – e que inspira o nome da rua.
Os dados e relatórios de vestígios arqueológicos detetados nas proximidades permitem compreender, “ainda que parcamente”, avança a autarquia, as características da área da necrópole associada aos antigos convento e igreja de Santo Estevão. Apesar de trabalhos de arqueologia realizados em anos anteriores nas atuais instalações da GNR e no claustro do convento, a delimitação do antigo cemitério “ainda não está cabalmente definida”. É possível que as novas descobertas acrescentem dados à questão.
No séc. XVIII funcionou ali o Recolhimento dos Santíssimos Corações de Jesus e Maria. Mas a ocupação é anterior, porque era ali a antiga mouraria medieval de Leiria. A Câmara de Leiria admite que a existência de barreiros na zona tenha contribuído para o florescimento de olarias na atual rua das Olarias.
Citando o historiador Saul António Gomes, o município lembra que Santo Estêvão era um bairro relativamente periférico, com habitantes de estrato social não elevado e edifícios degradados. Os achados agora encontrados documentam, assim, “a evolução histórica da cidade e as múltiplas atividades económicas que se encontram associadas às suas vivências”.
Arqueologia na rua das Olarias revela esqueletos e novos dados sobre evolução da cidade
Os vestígios permitem compreender algumas características da área da necrópole associada aos antigos convento e igreja de Santo Estevão.