A Câmara de Leiria justifica os trabalhos de limpeza no rio Lis, ontem motivo de críticas por parte da Oikos pelo seu impacto ambiental, com a necessidade de avaliar “focos de erosão e instabilidade” do rio na cidade.
A limpeza das margens “foi realizada de modo a possibilitar uma avaliação mais rigorosa dos focos de erosão e instabilidade que se sabe existirem ao longo dos cursos de água municipais, nomeadamente no troço urbano do rio Lis, e para o qual se encontra prevista a aplicação de técnicas de Engenharia Natural”, explica ao REGIÃO DE LEIRIA o vereador da Câmara de Leiria, Luís Lopes, responsável pela pasta do Ambiente.
Ontem, em comunicado, a Oikos – Associação de Defesa do Ambiente e do Património da Região de Leiria, denunciou a intervenção entre as pontes do Caniços e Hintze Ribeiro, na cidade de Leiria, apontando-lhe diversas consequências negativas do ponto de vista ambiental.
Os ambientalistas da Oikos lembraram ainda que a limpeza será inútil do ponto de vista prático, uma vez que terá de se repetir em breve.
Estas intervenções realizam-se no âmbito da empreitada relativa ao “Projeto de Limpeza e Valorização da Ribeira dos Milagres e da Frente Ribeirinha do Rio Lis na Cidade de Leiria”, adianta, por sua vez, Luís Lopes. Com uma extensão de 24,5 quilómetros, tem um custo de 248.690 euros, a que acrescem impostos.
O autarca lembra que esta empreitada foi objeto de duas sessões de esclarecimentos no dia 8 de julho do ano passado, na cidade de Leiria e nos Milagres.
Argumentando que os trabalhos no troço urbano do rio contemplam técnicas de engenharia natural, o vereador do Ambiente refere que este tipo de engenharia se distingue de outras especialidades “por recorrer à utilização de vegetação autóctone como base das suas intervenções para proceder ao controlo de erosão, à estabilização de taludes e à requalificação ambiental”.
Uma das técnicas mais comuns é, reforça, “a plantação de espécies ripícolas (ribeirinhas), sendo a zona urbana do rio Lis um dos troços-alvo para esta técnica”.
Luís Lopes recorda ainda que a Câmara de Leiria está a preparar o PERLA – Plano Estratégico de Reabilitação de Linhas de Água, “baseando-se em princípios de restauro ecológico definidos a nível internacional”.
O autarca assegura que estão previstas “formações especializadas” direcionadas aos técnicos municipais no sentido de os dotar “de competências para a gestão dos espaços ribeirinhos seguindo as melhores práticas ambientais”.
Uma das críticas ontem elencadas pela Oikos no seu comunicado, foi o facto de a intervenção no rio “ter sido realizada num momento em que a maioria das aves nidificante naquele habitat iria começar a preparar os respetivos ninhos”.
Todavia, Luís Lopes refuta a crítica e assegura que estas intervenções “ainda se encontram dentro do período de menor perturbação”.
É que, explica, este tipo de trabalhos “são usualmente suspensos entre o início da primavera e meados do verão, ou seja, no período compreendido entre março e julho, devido a tratar-se do período de nidificação da generalidade da avifauna nestes locais”.
Em concreto, a intervenção entre a Ponte dos Caniços e Ponte Hintze Ribeiro, “é relativa a corte e limpeza de vegetação espontânea arbustiva (silvados)”.
Incide, adianta o vereador com a pasta do Ambiente, em “núcleos de silvados existentes” e “não deve realizar-se na altura de nidificação da fauna silvestre (março a julho)”. Por sua vez, “a remoção de reincidências dos focos de infestação deverá ser realizada nos 2 anos seguintes à primeira intervenção de controlo, com uma frequência anual”, acrescenta ainda o autarca.
Referindo-se ao acompanhamento especializado deste tipo de trabalhos, Luís Lopes assegura que a autarquia de Leiria conta com uma “prestação de serviços para acompanhamento de intervenções em espaço Fluvial, nas quais se insere a respetiva empreitada”.