“O dia de ontem foi muito difícil para o meu país e para todos nós. Ontem de manhã, ligou a minha mãe. Ela chorava e gritava: guerra, guerra. A Rússia invadiu o nosso país e independência, bombardeando as nossas cidades do ar”. Este é o relato emocionado de Tetyana Olshevska sobre o sofrimento ucraniano dos residentes em Fátima, enquanto acompanham à distância o conflito no seu país natal.
“Nós vivemos em Portugal, onde há paz, mas o nosso coração está a gritar. A gente chora e reza pela nossa terra, pátria, que está sempre no nosso coração”. E à voz embargada, percebeu-se também que outras ucranianas presentes na cerimónia pela paz, enxaguavam as lágrimas.
A iniciativa do Centro de Estudos de Fátima (CEF) foi a de enviar um sinal ao mundo: “Nada justifica o sofrimento de um povo, o sofrimento das famílias ucranianas, das crianças, dos homens e mulheres, que, com ansiedade veem o futuro posto em causa”, sublinhava o diretor do estabelecimento de ensino.
“É por eles, pelo povo que aqui estamos. Comungamos a sua dor, e sofrimento. E apenas com eles que estamos solidários”, frisou.
Ao segundo dia de guerra, mais de um milhar de crianças e jovens alunos, a partir de Fátima, manifestaram pela largada de pombas brancas, pelas mensagens que deixaram o mundo em diversas línguas que “é importante crescer juntos porque nós somos a semente da esperança e da paz”.
Da paz, palavra escrita com três letras espelhada no chão, o Reitor do Santuário desafiou à paz. “Uma manifestação de solidariedade é extremamente importante, nós não podemos ficar indiferentes perante o sofrimento do povo ucraniano”, disse. E apelou ao acolhimento aos refugiados desta guerra, como exemplo de construtores de paz.
A comunidade ucraniana – revelou Tetyana Olshevska – está a reunir verbas para “os hospitais, para apoiar os soldados feridos”. Neste momento, “é impossível” trazer familiares para Portugal uma vez que “não há aviões” e a circulação por via terrestre é difícil.
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“A Ucrânia está no nosso coração”
O presidente da Assembleia Municipal de Ourém apelou a todos os diplomatas russos que “por vergonha, deveriam deixar os seus postos de embaixada e regressar ao seu país, até que esta situação acalmasse, tivesse um fim”.
O também deputado do PSD, João Moura entende que “por respeito à Ucrânia e ao mundo”, deveria ser esta a atitude a adotar, mesmo os que se encontram em Portugal. Moura assinalou a importância da cerimónia como forma de “condenação do que está a acontecer” e exaltando os “valores da diferença e do respeito”.
Num discurso de emoção, o presidente da Câmara de Ourém fez um “apelo muito forte, na cidade da paz, para que os líderes mundiais possam refletir, olhar para o mal que estão a fazer às crianças desse país e todos”. A “liberdade, o respeito e a paz são fundamentais”, afirmou.
Luís Albuquerque referiu-se em particular às “crianças inocentes” ali presentes, lembrando que “numa parte da Europa existem crianças como eles que estão a passar dificuldades, a não saber o que lhes está a acontecer, por força de uma guerra, de interesses que todos nós devíamos estar alheios”.
O edil garantiu que “a Ucrânia está no nosso coração”, verbalizando a mensagem de um dos vários cartazes exibidos.
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