“Infelizmente a nossa associação está doente e o prognóstico é muito reservado, podendo ter de voltar a encerrar novamente (…). Como Bidoeirense e músico, não vejo resolução para este drama, a banda está fraca e necessita de uma transfusão imediatamente”. O apelo foi lançado online por Marco Dionísio, ex-presidente e atual percussionista da filarmónica da Bidoeira de Cima, instituição que completou cem anos em 2020. A pandemia agudizou um processo de erosão de músicos e dirigentes que já antes se verificava. E teme-se pelo futuro de uma das 11 filarmónicas do concelho de Leiria.
Atualmente a banda conta com 15 músicos, “mas nem sempre aparecem aos ensaios”, o que torna difícil haver quorum, explica Marco Dionísio ao REGIÃO DE LEIRIA. Aos poucos, “porque não tinham tempo, porque andavam a estudar, porque iam trabalhar ou porque se desmotivaram”, muitos afastaram-se.
“Não sabemos o que se passa”, desabafa, lamentando o desapego dos mais novos às tradições. “Não têm noção da importância de símbolos como a filarmónica ou o rancho. Os miúdos só gostam de jogar futebol e de estar agarrados ao telefone…”.
No final do ano, o ex-presidente deu o exemplo e reforçou a banda, que “precisa de músicos de todas as idades, com ou sem formação, da freguesia ou fora da freguesia, todos são válidos”. Na Bidoeira a crise é humana, não financeira: “O nosso problema não é dinheiro. Queremos é pessoal para a banda”.
Para salvar a banda, estão previstas atuações pop-up na Bidoeira, concerto com uma tuna, ensaios com outras filarmónicas e insistir com antigos músicos. “É mais uma página difícil. Mas há de passar. Não queremos que a filarmónica termine, queremos que continue e cresça”, diz, esperançoso.
Falta de instrumentistas coloca em risco futuro da filarmónica da Bidoeira
O músico e ex-presidente Marco Sousa Dionísio lança alerta em nome da sobrevivência da instituição centenária.