A primeira longa-metragem da realizadora Inês T. Alves, natural das Caldas da Rainha, tem estreia marcada na 72ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim, que se realiza entre 10 e 20 de fevereiro.
“Águas do Pastaza” (Juunt Pastaza Entsari, no título original) integra a secção “Generation” da Berlinale 2022 e aborda o quotidiano das crianças de Suwa, uma pequena comunidade isolada na floresta tropical da Amazónia, com 80 habitantes.
Desenvolvido durante os dois meses de permanência na comunidade, o documentário fala na primeira pessoa sobre a ligação daquelas crianças com a natureza, assim como a relação com as novas tecnologias, “fenómeno bastante recente na comunidade”, lê-se em nota de imprensa enviada pela produtora.
“Em Março de 2018 cheguei a Suwa (…) Vivi lá durante dois meses, onde desenvolvi uma relação próxima com as crianças, que me ensinaram e me ajudaram com tudo o que era necessário para ‘sobreviver’ naquele território”, conta Inês T. Alves em nota de intenções do filme.
Segundo a realizadora, a longa-metragem tem como função chamar a atenção “para a importância de se estabelecer uma relação mais sustentável com o nosso ambiente”, sobretudo no contexto atual, em que “as comunidades indígenas na Amazónia estão sob um forte ataque permanente, com desflorestação intensa impulsionada por interesses económicos externos”.
“Águas do Pastaza” é uma produção da Oublaum Filmes, fundada por Ico Costa, realizador de filmes como “Nyo Vweta Nafta” (2017) ou “Alva” (2019).
Inês T. Alves estudou Narrativas Culturais nas universidades Nova de Lisboa, Santiago de Compostela e de Bergamo. Frequentou ainda o curso de Cinema Documentário na University of the Arts London, com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian.
Já exibiu curtas-metragens em vários festivais de cinema nacionais e internacionais e ganhou o prémio “Novo Cinema” do festival “Port/Post/Doc”, com o filme “No ângulo das ruas” sobre as memórias familiares da cidade pós-colonial de Maputo.
Além da carreira enquanto realizadora, Inês dinamiza workshops sobre a sétima arte e é fundadora do projeto de cinema colaborativo “Movimento”.