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Sociedade

Seca: Leiria analisa construção de reservas e quer sistema de alerta para fugas de água

“Este fenómeno irá repetir-se durante as próximas semanas, senão meses, e por isso temos de criar algumas condições, não só de sensibilização, mas também de atuação”, afirmou o presidente do município.

A Câmara de Leiria vai analisar a construção de reservas de água, uma de 32 medidas hoje anunciadas para mitigar os efeitos da seca, que incluem um sistema de alerta para fugas e uso de outras fontes para rega.

Na reunião do executivo municipal, o presidente da Câmara, Gonçalo Lopes, explicou que o conjunto de intervenções de curto e médio prazos fazem parte do “primeiro plano tático de gestão da água 2022, para mitigar o efeito da seca”.

Gonçalo Lopes adiantou que as medidas agora anunciadas não invalidam que se venham a tomar novas ou a aliviar as existentes, situação dependente da “evolução climatérica”.

“Temos a noção de que este fenómeno irá repetir-se durante as próximas semanas, senão meses, e por isso temos de criar algumas condições, não só de sensibilização, mas também de atuação”, acrescentou o autarca.

No documento, denominado “Plano Municipal de Gestão da Água 2022”, e na área da prevenção, consta a elaboração de um Plano de Prevenção, Monitorização e Contingência para Situações de Seca, assim como “relatórios de monitorização mensais” e de “mapas de risco de zonas vulneráveis de água”.

Outras das medidas divulgadas são a avaliação, “de forma contínua e rigorosa”, das disponibilidades hídricas, um “inventário dos recursos disponíveis” no concelho que possam “ser mobilizáveis em caso de agravamento da situação”, como “cisternas fixas ou móveis, autotanques da autarquia, de corporações de bombeiros ou de entidades privadas”, e o controlo da “qualidade ambiental do concelho, através de ações de fiscalização preventiva e inspeção de captações ilegais”.

No âmbito da sensibilização, estão contempladas campanhas e ações, para vários públicos e setores de atividade, para alertar “para a urgência de uma efetiva poupança da água”, além de seminários ou conferências.

Um “sistema de alerta, ágil e simples, para identificação de fugas na rede de abastecimento de água, através do envolvimento e da colaboração da comunidade na comunicação de ocorrências”, e “programas de educação, para um consumo mais consciente da água pelos munícipes”, são outras das iniciativas que a Câmara vai desenvolver.

Na área dos espaços verdes, o município quer “utilizar fontes alternativas de água para rega de espaços verdes, como águas pluviais ou residuais tratadas”, instalar equipamentos que “promovam o aumento da eficiência e da sustentabilidade das práticas agrícolas” e adotar boas práticas de rega, como a programação para o período noturno.

No espaço público, vai ser interditado “temporariamente o uso de água da rede para usos não potáveis” e deve evitar-se a lavagem de ruas com recurso a água potável, de acordo com o plano.

O Município pretende também avaliar a possibilidade de redução de pressão da água em alguns locais do concelho e de construção de reservas de água para evitar situações futuras de rutura.

Para o setor agrícola, estão previstas “ações de sensibilização para redução de consumos desnecessários” e o envolvimento dos agricultores “nas decisões de mudança na programação da distribuição de água”.

Ao nível da Proteção Civil, as medidas apresentadas passam, por exemplo, por “utilizar fontes alternativas de água para as missões de proteção e socorro, como águas pluviais ou residuais tratadas, nomeadamente para o combate a incêndios”, e “assegurar disponibilidade de veículos de transporte de água para abastecimento às populações, através dos corpos de bombeiros” e outras entidades.

Quanto aos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Leiria (SMAS), no âmbito da monitorização e controlo das perdas de água na rede de abastecimento, prevê-se, entre outras medidas, o “alargamento do sistema de telemetria com 5.000 novos contadores inteligentes em 2022”, um “investimento de 150.000 euros em pesquisa ativa de fugas” ou o “combate ao uso indevido, através da intensificação da fiscalização e das penalizações por usos indevidos da água da rede pública”, este mês e o próximo.

A Câmara assegura, por outro lado, que “não está autorizado o serviço de abastecimento de água para fins diferentes do consumo humano enquanto se mantiver a situação de seca”.

No plano está ainda a “articulação dos SMAS de Leiria com as entidades de venda de água em alta ao concelho e os corpos de bombeiros”, para “delinear a implementação de uma estratégia de abastecimento alternativo”.

Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em janeiro “verificou-se um agravamento muito significativo da situação de seca meteorológica, com um aumento da área e da intensidade, estando no final do mês todo o território em seca, com 1% em seca fraca, 54% em seca moderada, 34% em seca severa e 11% em seca extrema”.

Ainda de acordo com o IPMA, em relação à precipitação, janeiro de 2022 foi o 6.º mais seco desde 1931 e o 2.º mais seco desde 2000.

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