A marcha lenta de transportes pesados de mercadorias em direção a Porto de Mós (Leiria), que estava agendada para a noite de quinta-feira, dia 17, foi adiada para a manhã desta sexta-feira, pelas 10 horas, informou, ontem à noite, à Lusa o porta-voz da iniciativa.
“Às dez horas [22 horas], a conselho das autoridades devido ao cansaço acumulado e ao número de viaturas que teriam de se deslocar, [os motoristas] entenderam, por bem, adiar essa saída para Porto de Mós para amanhã [sexta-feira] às 10 horas”, disse Paulo Paiva.
De acordo com o porta-voz da plataforma “Sobrevivência do Setor”, trata-se da “única ação” de protesto prevista, indicando que os motoristas vão reunir-se para perceber o que “podem fazer”.
“A única ação que está prevista da plataforma do Carregado será essa marcha até Porto de Mós para se juntar com os restantes profissionais do setor que também aderiram, que vêm do norte e que estavam organizados para realizarem a marcha no Porto, em Matosinhos”, indicou.
“[…] Vão voltar a reunir, perceber o que efetivamente podem fazer e atempadamente irão decidi quais serão as novas formas de protesto e contestação”, sustentou.
Paulo Paiva precisou ainda que deverão juntar-se cerca de 300 viaturas, em conjunto com os profissionais do setor das zonas do centro do norte. Do Carregado (Lisboa), acrescentou, vão sair “à volta das 40 ou 50 viaturas” para Porto de Mós.
Ontem, quinta-feira, estava prevista uma reunião de motoristas de transporte pesado de mercadorias em Porto de Mós (Leiria), depois de ter sido cancelada a marcha lenta marcada para Lisboa, para protestar contra a subida dos preços dos combustíveis.
“Vão sair daqui [Carregado] por volta das 21 horas, vão sair escoltados pelas autoridades. Tudo controlado e negociado”, disse a mesma fonte à RTP.
Paulo Paiva adiantou que a marcha lenta que iria ocorrer às 17 horas ficou sem efeito, porque os motoristas tiveram acesso “às medidas que o Governo vai adotar para poder mitigar os custos”.
“Entretanto, [os motoristas] viram que pelo menos uma das medidas que era imperativa que era a questão do IVA […] e a redução das portagens da classe 4 para a classe 2 não foram atendidas e a plataforma resolveu manter o protesto, saindo ao encontro de outros empresários do setor na zona centro nomeadamente em Porto de Mós”, afirmou.
Cerca de 50 motoristas de transporte pesado de mercadorias estavam preparados para sair do Parque Tir do Carregado rumo a Lisboa em marcha lenta.
Segundo disse à Lusa o porta-voz da iniciativa, esta é a segunda marcha dos camionistas que ocorrerá “dentro dos limites legais de velocidade”, depois de uma outra semelhante realizada na terça-feira.
A plataforma “Sobrevivência do Setor” foi criada através do Whatsapp esta semana por empresários do setor que organizaram um protesto na segunda-feira, no qual cerca de 40 empresários e motoristas do setor participaram.
Já na terça-feira foi realizada uma marcha com partida do Carregado, mas os camiões não chegaram a entrar na segunda circular, em Lisboa, tendo sido barrados pela polícia, contou Paulo Paiva.
“Estamos aqui hoje a reivindicar as nossas causas, que, no fundo, partem da escalada do preço dos combustíveis, que nos torna impossível podermos trabalhar”, disse à Lusa na segunda-feira o empresário Mário Nobre, que participou no protesto.
O empresário garantiu que este protesto não tem um fim definido e que apenas terminará quando houver “condições para trabalhar”.
Mais de 200 empresários do setor do transporte de mercadorias acordaram no domingo a paralisação de 20% das suas frotas em protesto contra a subida dos preços dos combustíveis.
O encontro de domingo aconteceu um dia depois de uma reunião da Associação Nacional dos Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram), que admitiu que a solução para a sobrevivência das empresas de transporte de mercadorias, face à escalada do preço dos combustíveis, passa por um aumento das tarifas.
Os transportadores rodoviários de mercadorias não foram abrangidos pelas medidas anunciadas pelo Governo para mitigar o impacto da subida dos preços dos combustíveis e que incluem, designadamente, a subida do desconto no Autovoucher de cinco para 20 euros e o prolongamento por mais três meses do apoio dado a táxis e autocarros (pagando agora 30 cêntimos por litro de combustível, em vez dos atuais 10).
Com Lusa