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Nataliia Romaniuk: “A parte mais difícil foi na fronteira, havia muita gente, pessoas com bebés, estava muito frio, chuva e neve”

Mãe e dois filhos chegaram a Portugal após uma viagem de seis dias desde Vinnytsya, no centro da Ucrânia.

Valentina Dovhan é tia de Nataliia Romaniuk Joaquim Dâmaso

Escrita como um desejo nas entrelinhas, a palavra “Believe” (acredita) cintila, dourada, na camisola de Nataliia Romaniuk quando recebe a equipa do REGIÃO DE LEIRIA, numa das salas da Igreja Evangélica Baptista de Leiria.

Chegou à cidade a 12 de março, com os filhos pelas mãos: Valeriia e Nazarri Romaniuk, de 10 e 12 anos, respetivamente. Para trás ficaram os sons constantes de aviões e sirenes, que tocavam três a quatro vezes por dia. Ao som do alerta, Nataliia e os filhos recolhiam-se na cave do prédio onde habitavam, em Vinnytsya, em busca de proteção.

Desde o início da guerra, dormiu sempre vestida, pronta para o momento da fuga. “A nossa cidade já foi bombardeada três vezes”, lamenta, recordando a destruição do aeroporto, a 200 quilómetros de Kiev, e de uma torre de uma televisão ucraniana.

A família, agora segura, está alojada na casa de Valentina Dovhan, tia de Nataliia, que vive há 20 anos em Leiria. Neste momento de conversa com o nosso jornal, é ajuda preciosa na tradução. Explica que a viagem da família durou seis dias: os primeiros três entre Vinnytsya e a fronteira na Polónia, e os restantes até Portugal, com a ajuda da Igreja Baptista de Leiria.

Nataliia, 39 anos, conta que “a parte mais difícil foi na fronteira, havia muita gente, pessoas com bebés, estava muito frio, chuva e neve”. Como verdadeiros heróis, os filhos mantiveram-se calmos e ainda bem, porque a decisão de partir foi difícil para Nataliia: “Eu queria ficar lá, queria ser voluntária, mas quando já havia bombas na cidade, tive medo pelos meus filhos”, sublinha.

O marido, Yurii Romaniuk, não pôde sair do país devido à lei marcial, e está a ajudar a arranjar carros perto das zonas de guerra. Foi ele quem conduziu Nataliia e os filhos até próximo da fronteira. Desde então, a internet tornou-se um bem essencial e a família fala todos os dias, em momentos em que o apoio moral é força insubstituível.

Por cá, Valentina já levou a sobrinha e os sobrinhos-netos a conhecer Leiria e até à praia. As crianças gostam do calor e do mar. Este é um cenário bem diferente daquele que preenche os dias dos restantes familiares de Valentina – mãe, irmã e irmão e outros sobrinhos – que permanecem na Ucrânia.

Mas acreditar continua a ser palavra de ordem e há sinais de esperança: a entrevista termina com uma chamada de Yurii. Nataliia sorri e mostra o ecrã ao REGIÃO DE LEIRIA.

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