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Natalya Ovsiannikova: “Todos nos ajudam, sinto-me segura e bem aqui”

Boa parte daquilo que Natalya Ovsiannikova e a filha Marya, 7 anos, conheciam na terra natal, Saltivka, está agora destruído.

Amelia Nalyvaiko (à direita) tem apenas 12 anos e já toma conta de todas as crianças que estão com ela no centro de acolhimento temporário de Monte Redondo Joaquim Dâmaso

É a primeira vez que pisam Portugal e também que viajam de avião. Natalya Ovsiannikova, 36 anos, e a filha Marya, 7 anos, estão desde sábado passado, no centro de acolhimento temporário criado em Monte Redondo. Vieram pela mão da associação Ukrainian Refugees UAPT, que lhes disse que iam ficar em Leiria.

Não puderam, portanto, escolher a cidade, mas o país sim. Assim que Natalya soube que em Portugal há “menos crime, um melhor sistema de educação e existe um grande êxodo de refugiados ucranianos”, foi logo pesquisar como podia cá chegar.

Apanhou o avião em Lublin, na Polónia, deixando para trás tudo aquilo que conhecia e está agora destruído, à exceção de uma pequena parte de Saltivka, que se “mantém intacta”.

É entre a alegria da companhia de três cães do proprietário do espaço, a pedir carinhos constantemente, que Natalya vai contando ao pormenor o cenário que viu na terra natal, na cidade de Carcóvia: “Na minha casa, não tenho algumas janelas, porque foram destruídas”.

Também a escola que a filha frequentava, apresenta o mesmo estado, além de dois buracos no edifício, sublinha, realçando que “não importa onde vives, é tudo destruído”.

Tal como a mãe, Marya também presenciou a guerra e esse é um dos grandes motivos para Natalya estar em Leiria: quer dar proteção e apoio psicológico à filha, longe do desespero e do medo. É certo que recomeçar a vida vai custar, mas a menina já vai esboçando alguns sorrisos, enquanto dá festas aos cães e brinca com os outros miúdos alojados no centro. A progenitora tem ali duas famílias amigas, que são “família”.

Entre as nove crianças, está a adolescente Amelia Nalyvaiko, de 12 anos, que adotou o papel de tomar conta dos mais novos, como uma espécie de ama. A alegria com que desempenha esta tarefa é evidente.

Esforça-se também para comunicar com toda a equipa da Junta de Freguesia que os visita diariamente, socorrendo-se do vocabulário que sabe em inglês. E quer muito aprender português.

Amelia chegou a Portugal no mesmo avião que Natalya e a filha, na companhia da mãe Alena Nalyvaiko. Viviam igualmente em Carcóvia, na casa dos avôs, que estão agora na Polónia, à espera de um avião para se juntarem a elas.

Já o tio, não pode sair do país, devido à lei marcial.

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