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Principais exportadores receiam o efeito da guerra na Ucrânia

Os setores que mais vendem mercadorias para a Rússia e Ucrânia estão em alerta com a evolução do comércio bilateral, mas, sobretudo, com o aumento dos fatores de produção, como a energia.

As principais exportações são dos sectores dos moldes, avicultura e plástico Foto de Arquivo

O distrito de Leiria exportou mercadorias para a Rússia no valor de 14,4 milhões de euros e de 2,8 milhões para a Ucrânia, no ano passado, com destaque para os sectores dos moldes, avicultura, plástico e da pedra natural.

No caso da Rússia, regista-se um decréscimo de vendas, que em 2019 atingiram os 21,2 milhões de euros. No que respeita à Ucrânia, o movimento é contrário, verificando-se um aumento em relação aos 1,9 milhões contabilizados no ano de pré-pandemia.

Estas exportações constituem uma pequena parte do total regional (2,534 mil milhões de euros no ano passado), mas a região não escapa aos efeitos da guerra na Ucrânia, por exemplo, por via do aumento do preço da energia, como do gás natural, e das matérias-primas ou dos cereais.

Por outro lado, “um conflito desta natureza tem sempre impactos fortes sobre a economia, incluindo as incertezas que acarreta e o efeito sobre a confiança de investidores e consumidores”, refere o presidente da Associação Empresarial da Região de Leiria (NERLEI), António Poças.

“A escalada do conflito vai implicar mais sanções à Rússia, mais isolamento da economia russa com impactos significativos no mundo e, sobretudo, na Europa, nomeadamente, pelo efeito da subida das tarifas de gás natural e do petróleo. Este agravamento dos preços da energia vai arrastar aumentos em vários sectores”, destaca.

Abrandamento

Segundo o Instituto Nacional de Estatística, o sector dos moldes foi o que mais vendeu à Rússia e Ucrânia, com 13,3 milhões de euros no conjunto dos últimos três anos, a quase totalidade ao país liderado por Putin.

“Apesar de nenhum destes mercados se integrar ‘Top 10’ de destino das exportações de moldes (em 2021, a Rússia representou 4,5 milhões de euros e a Ucrânia 340 mil euros), a situação de conflito vai, certamente, criar condicionalismos nas relações comerciais”, constata o secretário-geral da Associação
Nacional da Indústria de Moldes (Cefamol), Manuel Oliveira.

“Iremos observar um abrandamento do desenvolvimento económico destes mercados e uma consequente limitação ao lançamento de novos projetos e produtos. A redução do poder de compra e as sanções financeiras que limitarão o comércio externo, são fatores que irão afetar as populações e indústrias locais, diminuindo a procura de moldes”, explica o secretário-geral da Cefamol.

Na perspetiva de Manuel Oliveira, “em termos mais abrangentes, é previsível que este conflito
contribua para o aumento dos custos de produção das empresas do sector, quer por via da energia, quer por via do acesso a matérias-primas” e, por outro lado, “esta instabilidade poderá condicionar ou atrasar investimentos e lançamento de novos produtos em empresas que operam à escala global e cujas cadeias de fornecimento integram as empresas de moldes nacionais”.

Custos de produção

Nos lugares seguintes da tabela de exportações regionais surgem a avicultura, com um total de 10,8
milhões de euros no último triénio, e o dos plásticos, com 10,3 milhões, também desde 2019.

O secretário-geral da Federação Portuguesa das Associações Avícolas (Fepasa), Pedro Raposo Ribeiro, reconhece que as exportações para os países em conflito “não são muito significativas [6,5 milhões de euros em 2021]”, mas salienta o facto de, “para cada uma das empresas, para as quais são mercados de expressão, ser, obviamente, um valor muito importante”.

O secretário-geral da Fepasa destaca, por outro lado, a importância de Rússia e Ucrânia “serem dois dos principais celeiros do mundo, o que para a alimentação animal é dramático”. “A alimentação, que no ano passado já subiu bastante de preço, agora, com dois dos principais exportadores de cereais envolvidos no
conflito, ainda aumentará mais”, refere Pedro Raposo Ribeiro.

Na sua opinião, se o conflito “se arrastar no tempo, é evidente que terá efeitos nos custos de produção, além da energia, em relação à qual estamos já todos as sentir os efeitos”.

O quarto sector mais exportador é a pedra natural, mas com apenas 3,2 milhões de euros desde 2019.

As importações distritais de mercadorias provenientes da Rússia atingiram os 2,5 milhões no ano passado (contra 9 milhões em 2019) e da Ucrânia foram de 219 mil euros (274 mil em 2019), sobretudo de produtos da pesca transformados, madeira, carpintaria e bens relacionados, moldes e plásticos. Os valores do total do triénio são inferiores a cinco milhões de euros em qualquer das áreas.

No caso do comércio bilateral do distrito de Leiria com a Bielorrússia, um país também próximo deste conflito, atinge valores pouco significativos, com as maiores exportações a corresponderem ao comércio por grosso de bebidas alcoólicas (259 mil euros no último triénio) e à fabricação de cutelaria (98 mil euros).

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