Cerca de 200 ações, entre espetáculos, residências artísticas e coproduções, integram o programa do Teatro José Lúcio da Silva (TJLS) para 2022, que ambiciona envolver acima de 150 mil espectadores, anunciou hoje o diretor da sala de Leiria.
Reforçado com 800 mil euros do programa de apoio da Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses (RTCP) para os próximos quatro anos, de acordo com resultados ainda provisórios da Direção-Geral das Artes, o TJLS revelou o que tem preparado para o primeiro ano desse financiamento. O maior orçamento de sempre da estrutura vai significar, em 2022, a realização de um espetáculo, residência ou coprodução a cada dois dias.
“Antes tínhamos a programação possível; agora vamos ter o melhor dos dois mundos: a possível e a desejável”, afirmou o diretor do TJLS, José Pires, durante a apresentação da proposta que “marca um virar de página na história das pessoas que frequentam o teatro”.
A confirmar-se, após o final do período para audiência de interessados, o apoio da RTCP vai permitir “trabalhar para as pessoas, a pensar nas pessoas, à procura de conceitos que possam provocar a inquietude”.
A partir de 2022, o TJLS terá “uma programação acessível e inclusiva”, porque será possível, por exemplo, ter em Leiria “espetáculos [com bilhetes] a 5 euros, que se os trouxéssemos antes iam custar 40”.
A acessibilidade estende-se também à vertente fora de portas, com eventos pensados também para espaços públicos, indo ao encontro da população.
Por outro lado, “em vez de estar a comprar espetáculos”, investe-se “num trabalho de mediação de públicos” e de criação, passando o teatro “a ser coprodutor e poder fazer encomendas originais”, acrescentou José Pires.
A verba da DGArtes – o TJLS foi um dos 38 contemplados nesta primeira edição do programa da RTCP, segundo a instituição – permite uma mudança de paradigma, acredita a vereadora da Cultura, Anabela Graça.
“Nunca antes pensámos numa programação associada ao financiamento [público]”, sublinhou a autarca, satisfeita com a atribuição do apoio, que significa “a valorização do trabalho do teatro” e capacita “a estratégia cultural” definida, orientada para o “estímulo à criação e à inovação” para “transformar Leiria numa cidade propícia à criação”.
Para 2022, o TJLS terá 565 mil euros para programação, 200 mil através do apoio da DGArtes e o restante garantido pelo município e outros apoios.
“Queremos que a cultura seja para todos, mas sabemos que às vezes é preciso arriscar. Há programas que não captam todos os públicos. A diversidade é fundamental, para chegar a todos, com áreas diferentes”, afirmou Anabela Graça, a propósito do investimento na “dimensão transversal da programação”.
Entre os espetáculos hoje anunciados para Leiria estão “Drácula”, “Bradley” e “Jouska”, da companhia Vortice, “Anda, Diana”, de Diana Niepce, “Pantera”, de Clara Andermatt com Mayra Andrade, a ópera “Cavalleria Rusticana”, “Os três irmãos”, de Vítor Hugo Pontes, “Memorial do Convento”, da companhia Dança em Diálogos, “Futebol”, do Teatro O Bando e Teatro Montemuro, “Mutabilia”, do Teatro do Mar, “Vida de Artistas”, dos Artistas Unidos, e um espetáculo que junta Rodrigo Leão, Sónia Tavares, a Orquestra Sinfonietta e o Coro do Orfeão de Leiria.
Parte do orçamento, 145 mil euros, é dedicada à aposta na produção local, envolvendo as estruturas Omnichord, Fade In, Leirena, Conservatório Annarella Sanchez, Associação das Filarmónicas do Concelho de Leiria, Sonic Motion, CAOS, os festivais Acaso e Metadança, o pianista João Costa Ferreira e o pintor Tiago Baptista.