A empresa de lanifícios Albano Morgado, SA, sediada no concelho de Castanheira de Pera, tem em curso um investimento de 2,1 milhões de euros.
“Está a ser executado um investimento de 2,1 milhões de euros, sendo que para a área específica da tinturaria irão ser afetos 1,5 milhões de euros. A verba restante irá ser distribuída pela eficiência energética, através da aquisição de painéis solares, e pela área de ultimação dos tecidos, numa máquina de secar e numa melhoria também significativa na eficiência energética”, afirmou à agência Lusa Albano José Morgado, presidente do conselho de administração.
Segundo o empresário, o investimento, que começou no final de 2021 e termina em fevereiro de 2023, conta com financiamento de 635 mil euros do Portugal 2020, sendo que o restante é assegurado por fundos próprios.
Albano José Morgado explicou que as mais-valias prendem-se com “maior produtividade e uma melhor rentabilização, sobretudo do recurso água”.
“Ou seja, o novo equipamento permite tingir a mesma quantidade de tecido com menor consumo de água”, precisou, reconhecendo tratar-se de um investimento amigo do ambiente, que permitirá também “uma redução de 40% no custo da eletricidade”.
A empresa, fundada por Albano Antunes Morgado, completa 95 anos em 2022 e vai na terceira geração da família.
Tem 80 trabalhadores e em 2021 registou um volume de negócios de 4,7 milhões de euros, “ainda num ano que refletiu o impacto da pandemia” de covid-19, salientou o presidente do conselho de administração da Albano Morgado, SA.
Setenta por cento da produção da unidade, que ocupa uma área de 12 mil metros quadrados, tem como destino o estrangeiro, sobretudo Alemanha, Inglaterra, Suécia e Noruega, e a restante para o mercado nacional, “essencialmente as empresas de confeção da zona norte do país”, esclareceu Albano José Morgado.
Este responsável destacou ainda “dois nichos de mercado que a empresa tem desde a fundação, o tecido para os capotes alentejanos e para as samarras, e para os trajes académicos”.
“Estivemos dois anos sem produzir porque não havia Queima das Fitas e agora a procura foi enorme”, observou.
Referindo que a Albano Morgado, SA, é “a maior empresa e o maior empregador privado” de Castanheira de Pera, o presidente do conselho de administração adiantou que de 12 empresas de lanifícios que existiram no concelho, o de menor área (66,86 quilómetros quadrados) e população (2.657 residentes) do distrito, sobrou a Albano Morgado, SA.
“As grandes dificuldades começaram na década de 90 com a abertura da economia à escala global e a oferta de produtos de países da Ásia, onde a mão-de-obra é mais barata”, lembrou, admitindo que “a solução foi criar produtos com valor acrescentado”.
Por outro lado, Albano José Morgado realçou a aposta da empresa em feiras internacionais, “principalmente nos últimos 15 anos”, assinalando que, “em 2010, 30% da produção ia para o estrangeiro, agora é 70%”.
“Adquirimos a lã, fazemos o fio, tecemos, tingimos e fazemos a ultimação – secagem, acabamentos diferenciados, controlo de qualidade e expedição”, adiantou, manifestando preocupação com a “incerteza dos mercados face à guerra na Ucrânia e todos os custos decorrentes da situação atual, sobretudo com a energia”.
Albano José Morgado defendeu “programas específicos de apoio à retoma que permitam às empresas financiarem-se junto da banca”, considerando que “pôr dinheiro a circular é o que a economia precisa”.