São muitas as obras e projetos que o Município de Leiria realizou nos últimos anos e muitas outras as que pretende realizar a curto prazo. Ainda assim, são os principais dossiês, “decisivos para esta região que se arrastam há um tempo absurdo”, “que têm prejudicado” o desenvolvimento do concelho de Leiria, fruto da falta de atenção do Poder Central para com a região, entende Gonçalo Lopes.
No discurso da cerimónia do Dia do Município, realizado esta manhã, no Teatro José Lúcio da Silva, após dois anos de interregno, devido à pandemia, o autarca começou por elogiar os “feitos extraordinários alcançados por Leiria” , superando as dificuldades resultantes da pandemia, mas também, mais recentemente, da crise económica provocada pela invasão da Ucrânia.
No entanto, apesar de todos estes “feitos”, Gonçalo Lopes defende que o “potencial de crescimento e de contributo para geração de riqueza nacional tem sido prejudicado por quem deveria, em primeira instância, garantir uma justa e equilibrada repartição de recursos e maximizar as potencialidades de todo o território”, disse.
“Refiro-me ao Poder Central: Leiria tem sido, de forma sucessiva e crónica, governo após governo, ignorada nos planos de investimento público. Há dossiês decisivos para esta região que se arrastam há um tempo absurdo e que têm prejudicado o nosso desenvolvimento”, referiu, indicando a despoluição do Lis, a abertura da Base Aérea de Monte Real à aviação civil, a modernização da linha do Oeste ou a ampliação do Hospital como alguns exemplos.
“Não podemos continuar alegremente a contribuir como poucos para a criação de riqueza nacional sem a justa contrapartida: Vamos ter uma posição cada vez mais reivindicativa face ao poder central, independentemente de cores partidárias, na defesa dos superiores interesses de Leiria”, adiantou o autarca.
“Receamos que esta crónica injustiça se agrave caso a lógica se mantenha, e alguns sinais parecem apontar nesse sentido, com a distribuição do PRR: se não for certeiro, o tiro da bazuca vai abrir uma cratera ainda mais profunda entre litoral e interior e entre as grandes áreas metropolitanas e o resto do país”, afirmou.
“Por mais dificuldades que se apresentem, juntos superamos e crescemos. Isto só é possível porque nos unimos e porque percebemos que temos de ser nós a lutar pelo que é nosso. (…) Não desistirei de trabalhar para oferecer a Leiria um horizonte de futuro melhor, mais sustentável, mais justo, mais inclusivo, com mais qualidade de vida, melhor preparado para responder aos desafios demográficos, da mobilidade, da segurança, das alterações climáticas, do emprego de qualidade e da segurança alimentar. Não tenho a mínima dúvida de que vamos ter um futuro brilhante”, conclui, na sua intervenção.
“Leiria abriu-se ao futuro”
A cerimónia do Dia do Município contou ainda com a atribuição de medalhas a 19 figuras e entidades leirienses e entregues duas medalhas de bons serviços a dois funcionários da autarquia.
Também António Lacerda Sales, presidente da Assembleia Municipal de Leiria, Álvaro Madureira, vereador da Câmara Municipal de Leiria (PSD), e Luís Marques Mendes, orador convidado, realizaram intervenções.
O presidente da Assembleia Municipal de Leiria, António Lacerda Sales, falou sobre o envelhecimento da população a que o concelho não é alheio. “Nos últimos 50 anos, nunca fomos tantos, nunca parámos de crescer, nunca possuímos tão elevados níveis de ensino, nunca o peso dos mais novos foi tão diminuto e nunca fomos tão velhos”, afirmou, ao referir que, nas últimas décadas, “Leiria fez o que se poderá chamar o seu ‘desconfinamento’ económico e abriu-se ao futuro”.
“Aventurou-se em iniciativas com sucesso de investimento na indústria e nos serviços, sem abandonar o setor primário, alargou, diferenciou e diversificou atividades, apostou em novos mercados e aproveitou e criou oportunidades. Leiria tornou-se atrativa para as pessoas, naturais e de múltiplas latitudes”, acrescentou Lacerda Sales.
Mas, segundo o presidente da Assembleia Municipal, “nem sempre fora de portas tem havido o reconhecimento” do que é Leiria, da sua “força e importância”, do seu “contributo nacional” e das “necessidades, potencialidades e aspirações”.
“Nem sempre nas portas certas e a horas ousámos reivindicar o que nos é devido por justiça ou equidade”, concretizou.
António Lacerda Sales adiantou que Leiria tem pela frente dois desafios “fundamentais”: “manter pujança e relevância demográfica, enquanto pressupostos de afirmação e fortalecimento do município e do seu progresso futuro” e “ter presente a configuração da estrutura etária e corresponder, em termos económicos, sociais, políticos e administrativos, às necessidades, oportunidades e, também, riscos que dela emergem”.
“Sabendo que outros, em muitas latitudes, dentro e fora, têm objetivos similares, devemos, com inteligência e sentido estratégico, fazer, de modo atempado, esclarecido e resoluto, as apostas necessárias que garantam maior aptidão e eficácia na resposta aos desafios que estão no horizonte. Desde logo: aposta na economia, no ambiente, na saúde, no urbanismo e mobilidade e na cultura”, disse ainda.
Com Lusa