Os vencedores do World Press Cartoon (WPC) vão ser anunciados no sábado, nas Caldas da Rainha, numa edição marcada por cortes orçamentais que impedem a realização da tradicional gala de entrega de prémios com a presença dos cartunistas internacionais.
Pela primeira vez desde 2017, ano em que o salão de desenho e humor na imprensa passou a realizar-se nas Caldas da Rainha, “o anúncio dos prémios vai ser feito sem festa, mantendo-se a exposição de desenhos e a edição do catálogo”, disse hoje à agência Lusa o diretor do World Press Cartoon (WPC), António Antunes.
Em causa está “um corte orçamental de cerca de um terço da comparticipação da Câmara”, justificada pelo executivo “com o decréscimo de receitas em consequência da pandemia de covid-19”, explicou o cartunista, sem precisar qual o orçamento do certame para esta edição.
O corte implica, para além da não realização do espetáculo de entrega dos prémios, que os autores premiados não se desloquem à cidade onde, além de receberem o prémio, costumam dedicar uma manhã a desenhar caricaturas nas principais ruas das Caldas da Rainha.
“Perde-se esse contacto e perde-se a divulgação internacional do certame, mas espero que no próximo ano haja condições financeiras, por parte da autarquia, para que o salão recupere o figurino tradicional”, afirmou o cartunista.
Na sua 17ª edição o WPC teve a concurso perto de 300 obras publicadas na imprensa e plataformas online em mais de 70 países.
Entre os temas mais abordados, António Antunes destaca “a saída de Angela Merkel, ainda muito covid-19, e, como de costume, Donald Trump e Jair Bolsonaro” a marcar lugar entre os mais caricaturados.
Os desenhos foram avaliados por um júri internacional que integrou, além do representante da organização, António Antunes, a jornalista francesa Catherine André, o diretor de arte luso-brasileiro Marco Grieco e os cartunistas Pierre Kroll, da Bélgica e Jaume Capdevila, de Espanha.
A seleção dos melhores desenhos vai estar em exposição no Centro Cultural e de Congressos (CCC) das Caldas da Rainha a partir de sábado, podendo ser visitada gratuitamente até ao dia 28 de agosto.
O WPC, que se realizava em Sintra, desde 2005, mudou-se em 2014 para Cascais e sofreu, em 2015, uma redução no valor monetário dos prémios, que ascendem a um total de 25 mil euros.
Em 2016, pela primeira vez, a iniciativa não se realizou, por falta de patrocínios e em 2017 passou a realizar-se nas Caldas da Rainha, ao abrigo de um protocolo com a autarquia que assegurava um apoio monetário de 180 mil euros, acrescidos de IVA.