Adriana Bozhesku tinha 12 anos quando chegou a Portugal, vinda da zona ocidental da Ucrânia, a poucas dezenas de quilómetros da fronteira com a Roménia. Chegou com os pais e a família instalou-se em Coimbra.
Foi há cerca de duas décadas. Foi em Coimbra que estudou. A língua, recorda, não foi dificuldade de maior. A saudade foi o maior obstáculo. Tinha deixado memórias, amigos e uma infância vivida em terras ucranianas. Passada a euforia de chegar a um país novo, sentiu falta da terra que deixou.
Mas a integração foi feita sem percalços, recorda num português impecável. Foi na cidade dos estudantes que conheceu o marido, natural de Porto de Mós. Casou e adotou-lhe a terra e o apelido.
Adriana Bozhesku Lima trabalha na área administrativa e de contabilidade na empresa familiar no ramo automóvel. Gosta de morar em Porto de Mós, diz: “as pessoas são mais humildes e carinhosas, embora no início tenha sido necessária alguma adaptação, uma vez que vinha de uma cidade grande. Sinto-me extremamente bem aqui”. Sente-se em casa.
Foi por volta dos 17 anos de idade que se apercebeu que a terra lusa é, de facto, a sua casa. Esteve um mês na terra natal e recorda-se de pensar que queria voltar para casa. Para Portugal. “Quanto mais tempo passa, mais estranha me sinto lá. Não é pelas pessoas, pois tenho colegas e familiares lá, mas não me sinto em casa”, explica.
Boa parte da sua vida foi já passada em Portugal e é por cá que quer permanecer. É também portuguesa e esta é a sua casa. E não faz sentido sair de casa.
Não obstante, quando a guerra eclodiu na Ucrânia, rapidamente se mobilizou para canalizar auxílio e também colaborou com as autoridades locais, assegurando acompanhamento e tradução aos refugiados acolhidos em Porto de Mós. “Não podíamos ficar indiferentes”, aponta.
Adriana Lima elogia o trabalho das autoridades locais e a capacidade de o concelho, com rapidez, integrar os refugiados que chegaram. Não sabe o que esperar da guerra, ansiando que acabe o quanto antes.
O relacionamento próximo entre russos e ucranianos saiu ferido desta guerra que, confessa, nunca esperou que acontecesse. “Nada será como antes, foi um ponto sem retorno”, desabafa.
O melhor por cá
A gastronomia conquistou Adriana que diz adorar a comida lusa.
O pior por cá
O calor foi algo que obrigou a alguma adaptação, mas já superou essa dificuldade.
O mais surpreendente
Na Ucrânia, o conceito de família é mais alargado que por cá: abrange pais, primos, tios, todos em maior proximidade, revela.