Um estudo encomendado pela OesteCim aponta o Bombarral como a melhor localização para a construção do novo hospital, mas os autarcas da região, que conheceram o documento ontem, remetem a decisão para o Ministério da Saúde.
“Foram estudadas nove localizações e, dessas nove, o estudo apontou o Bombarral como aquela que apresenta maior centralidade, com base em dois parâmetros essenciais: o tempo e a distância a todos os concelhos”, disse à agência Lusa o presidente da Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCIM), Pedro Folgado.
O estudo sobre “o Futuro da Política Pública da Saúde do Oeste” foi encomendado pela OesteCIM à Universidade Nova de Lisboa e as conclusões das duas primeiras partes já concluídas foram ontem apresentadas aos presidentes dos 12 municípios da região, na sede da OesteCIM, nas Caldas da Rainha, distrito de Leiria.
O documento, que na primeira fase “fez um diagnóstico sobre a necessidade de construção de um novo hospital para o Oeste”, apontou, nesta segunda fase, as conclusões sobre a localização do mesmo, com base numa auscultação aos presidentes das 12 câmaras, à comissão de utentes e aos profissionais de saúde.
As nove localizações sugeridas situam-se nos concelhos de Alcobaça, Caldas da Rainha, Torres Vedras, Cadaval e “várias no Bombarral”, das quais, segundo Pedro Folgado, a mais central se situa “na Quinta do Falcão, junto a um dos nós da Autoestrada 8 (A8)”.
O também presidente da Câmara de Alenquer adiantou que “vai ser entregue um relatório à ministra da Saúde [Marta Temido] para que seja a tutela a decidir a localização” do hospital, que vários concelhos têm vindo a reivindicar que seja construído nos seus territórios.
“Compreendo a motivação dos autarcas que defendem os seus concelhos, mas o que temos vindo a dizer é que o que é importante é um novo hospital para a região e, no fundo, a unicidade na decisão, independentemente daquilo que cada um considere melhor para o seu concelho”, frisou o presidente da CIM.
A construção do novo hospital a norte de Torres Vedras já foi contestada pelo presidente da Câmara de Mafra, Hélder Sousa Silva, já que o concelho que integra a Área Metropolitana de Lisboa, mas faz fronteira com os municípios da OesteCim, é em parte servido pelo atual Centro Hospitalar do Oeste (CHO).
Em declarações à Lusa, o autarca afirmou que se o futuro hospital for construído nos concelhos a norte irá “lutar incessantemente para que Mafra saia do CHO” e para que os cerca de 100 mil utentes afetos ao Hospital de Torres Vedras passem a ser referenciados para uma unidade da região de Lisboa.
Uma posição que, segundo Folgado, “não pesará na decisão da localização do futuro hospital, que tem que servir é os cerca de 300 mil utentes do Oeste”.
A localização “tem que ter em conta os 12 municípios desta região e não as oito freguesias de Mafra, que estão na Área Metropolitana de Lisboa”, sendo com esta entidade que “terão que diligenciar para terem melhores serviços de saúde”, acrescentou.
A OesteCIM aguarda agora a marcação de uma reunião com a ministra da Saúde para solicitar a decisão final sobre a localização do hospital, prevendo que as duas últimas fases do estudo, sobre “os serviços que deverá ter e as previsões de investimento, estejam concluídas até setembro”.
Até lá, a OesteCIM pretende ainda exigir ao Ministério da Saúde que, “pelo menos no Orçamento de 2023, abra a possibilidade de orçamentar o projeto de execução do novo hospital, ou através do Orçamento do Estado ou de fundos comunitários”, disse Pedro Folgado.
A região Oeste é servida pelo CHO, que integra os hospitais das Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche, servindo cerca de 300 mil habitantes dos concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Bombarral, Torres Vedras, Cadaval e Lourinhã e de parte dos concelhos de Alcobaça e de Mafra.
O CHO foi criado em 2012, através da fusão dos centros hospitalares Oeste Norte – que abrangia os hospitais de Caldas da Rainha e Peniche – e de Torres Vedras. Com a criação de um único centro hospitalar, os vários serviços hospitalares foram reestruturados, ficando Torres Vedras especializada na Ortopedia e Caldas da Rainha na Pediatria e Ginecologia/Obstetrícia.
Luis disse:
O novo estudo não equacionou a proximidade de outras unidades de saúde. 126mil habitantes dos concelhos mais a sul foram introduzidos no estudo para aproximar a localização de Torres Vedras. Pesquisem e verão o absurdo de Alenquer ou Arruda a 19 min. do Hospital de Vila Franca a fazer parte do “bolo” que se deslocaria para o Bombarral. Demorariam mais de 40min… Nem os habitantes de Mafra ficam mais perto desta localização e preferirão ir para o Hospital Beatriz Ângelo em Loures. Esperemos que um mau estudo não seja o argumento da localização.
Amora de Bruegas disse:
Com papas e bolos se enganam os tolos…e os portugueses têm vocação para tal!
Dizem que não há dinheiro para ter os serviços de urgência ou de maternidade a funcionar e pensam que há para construção de novas unidades, apesar de haver para alimentar as negociatas à volta dos incêndios?
Ou ainda nem perceberam que o objectivo é alimentar os hospitais privados e forçar os portugueses a comprarem seguros de saúde, mesmo que muitos sejam uma democrática vigarice?